Mensagem do Director Regional da OMS para a África, Dr. Mohamed Janabi
África enfrenta um crescimento sem precedentes da diabetes impulsionado por interacções complexas entre estilos de vida em mutação, excesso ponderal e obesidade em alta e limitado acesso a serviços de saúde primários e de prevenção. A escala e celeridade assumidas por esta tendência exigem medidas tão urgentes quão sustentáveis.
Este ano, comemoramos o Dia Mundial da Diabetes em torno do tema “A diabetes nas diferentes fases da vida”. Porque a diabetes não poupa ninguém. Afecta crianças, adolescentes, adultos e idosos, e cada fase da vida apresenta desafios específicos que pressupõem respostas ajustadas. O próprio tema reconhece que a prevenção e os cuidados devem abranger o ciclo de vida na sua íntegra.
Na Região Africana da OMS, mais de 24 milhões de adultos com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos vivem com diabetes. É previsível que este número venha a duplicar até 2050, passando para 60 milhões. Perto de metade dos diabéticos ainda está por diagnosticar, defrontando-se silenciosamente com o exacerbar de riscos que os podem levar a graves complicações, a incapacidades e até à morte prematura. Com o tempo, a diabetes pode danificar o coração, os rins, os olhos e o sistema nervoso, impactando profundamente os indivíduos, as famílias e as comunidades.
A não ser que seja invertida, esta trajetória vai sobrecarregar os sistemas de saúde, exercer pressão sobre as economias e minar ganhos de desenvolvimento conquistados com grande esforço.
Consequentemente, os sistemas de saúde têm de ser resilientes, dispor dos recursos adequados e estar organizados para prestar cuidados contínuos: desde a prevenção e o diagnóstico precoce até ao tratamento eficaz e ao apoio ao longo da vida.
Em 2024, os Estados-Membros da Região Africana aprovaram o Quadro de Implementação do Pacto Mundial contra a Diabetes na Região Africana da OMS, reafirmando o seu compromisso em relação a cuidados de saúde justos e abrangentes. Norteando-se por esse Quadro, países como o Gana e o Uganda estão a integrar os serviços de diabetes e cardiovasculares dentro dos cuidados de saúde primários.
A OMS continua a dar apoio aos países para se adaptarem e implementarem esses quadros de prevenção e controlo. O pacote PEN da OMS, neste momento operacional em 31 países, e o PEN-Plus implementado noutros 20 estão a expandir o acesso a cuidados de qualidade e economicamente vantajosos para doenças crónicas ao nível dos cuidados primários. Um financiamento sustentado, cadeias de abastecimento fiáveis e sistemas de dados e de encaminhamento mais fortes constituem aspectos vitais para manter a dinâmica e a equidade.
Como costumo dizer, podemos evitar a progressão para a diabetes plena, com as respectivas complicações vasculares, na condição de a detectarmos ainda na fase da resistência à insulina. Temos à nossa frente uma janela de oportunidade de 15 anos, no máximo, para controlar a diabetes. Fazer regularmente exercício físico, alimentar-se de forma saudável e tomar a medicação adequada pode abrandar a progressão desta doença e fazer com que seja muito mais gerível viver com a diabetes.
A campanha deste ano salienta um objectivo congregador, ou seja, habilitar os diabéticos a viverem bem em qualquer fase da sua vida.
Em relação a crianças, um diagnóstico precoce e cuidados regulares favorecem o seu crescimento saudável assim como o seu processo de aprendizagem.
Em relação a mulheres em idade reprodutiva, uma gestão eficaz antes e durante a gestação protege tanto a mãe como o bebé.
Em relação a adultos no activo, serviços de saúde acessíveis e comportáveis a par de ambientes laborais compreensivos, permitem preservar a produtividade e o bem-estar.
Em relação a pessoas de maior idade, cuidados continuados e atentos podem ajudar a evitar complicações e a preservar a independência delas.
Para que o seu empenhamento surta resultados, os países devem reforçar a governação e aumentar o financiamento dos serviços dirigidos às doenças não transmissíveis, assim como integrar a prevenção e o tratamento da diabetes nos planos nacionais de saúde e no planeamento dos cuidados primários. Para reduzir o advento de novos casos são essenciais políticas que promovem regimes alimentares nutritivos, a actividade física e travam o consumo de comida prejudicial à saúde.
Acima de tudo, temos de garantir que os indivíduos conseguem continua e regularmente aceder a medicamentos comportáveis, tais como insulina, tecnologias essenciais, apoio em saúde mental e ferramentas indispensáveis à gestão condigna da sua patologia.
Os governos, os profissionais de saúde, a sociedade civil, as comunidades e os indivíduos partilham todos a responsabilidade de alterar o curso da diabetes em África. Trabalhando juntos, temos a possibilidade de eliminar as barreiras que impedem as pessoas de receber cuidados e de criar ambientes que promovem uma vida saudável.
Neste Dia Mundial da Diabetes cabe-nos reafirmar a nossa determinação em prestar cuidados eficazes e assistência duradoura em cada fase da vida de maneira a que qualquer diabético possa gozar de uma vida saudável, digna e gratificante.
Saiba mais:
- Diabetes: Visão geral (apenas em inglês)
- Quadro de Implementação do Pacto Mundial contra a Diabetes na Região Africana da OMS
- Novo relatório da OMS destaca progressos no combate a doenças crónicas graves (apenas em inglês)
- Reforço dos serviços nos cuidados destinados a doenças crónicas nas Seicheles (apenas em inglês)
- Avanços no tratamento da diabetes no Gana: Esforços colaborativos da OMS a caminho de melhor saúde
