São Tomé e Príncipe: dar prioridade à vacinação num mundo em mudança

São Tomé e Príncipe: dar prioridade à vacinação num mundo em mudança

São Tomé – No centro de saúde materno-infantil de Água Grande, na capital, é dia de vacinação. A partir das 9 horas, os bancos enchem-se de mães e de pais a embalar os seus bebés e a vigiar os filhos mais velhos, enquanto as cadernetas de saúde são trocadas discretamente ao ritmo das conversas. Nas salas vizinhas, as enfermeiras preparam as vacinas, chamam as famílias uma a uma e registam cuidadosamente os dados. Reina a calma e a confiança. 

Jucilène da Trindade, de 35 anos e mãe de três filhos, aguarda a sua vez com o mais novo, Mateus, de dois anos. «Com três filhos, os meus dias são muito ocupados! Mas arranjo sempre tempo para vacinar os meus filhos. Isso protege-os e evita-me despesas médicas, oferecendo-lhes um futuro mais seguro», conta, apertando contra o peito a caderneta azul do filho.

Jucilène não é apenas uma mãe atenciosa. Tornou-se também uma referência para outras mães do seu bairro. Incentiva as vizinhas a vacinar os filhos, acompanha as mães jovens e transmite informações na comunidade.

Eunice Carvalho, de 21 anos, também beneficia do seu acompanhamento. «A Jeanna é a minha primeira filha. Faço tudo para que ela se mantenha saudável. Desde que nasceu, cada visita ao centro de saúde para a vacinar tranquiliza-me, pois sei que ela cresce protegida e em segurança», afirma com orgulho, segurando na mão a caderneta rosa cuidadosamente preenchida para a sua filha de 15 meses.

A mobilização comunitária é um dos pilares do sucesso de São Tomé e Príncipe no que se refere à vacinação. Em 2019, a taxa de cobertura vacinal para a terceira dose da vacina pentavalente foi de 94%, superando a média regional de 74%.

Para reforçar a vacinação de rotina, a OMS apoiou o Governo na melhoria da qualidade dos serviços. Esse apoio materializou-se através da supervisão integrada nos distritos sanitários, da formação de técnicos em gestão e qualidade de dados, de um planeamento estratégico mais robusto e de uma melhor coordenação entre o Programa Alargado de Vacinação e os distritos.

O país também eliminou o tétano neonatal e continua livre da poliomielite. «Ver a poliomielite e o tétano neonatal desaparecerem do meu país é uma enorme satisfação. Nos dias de vacinação, são os próprios pais que vêm. Saber que o nosso trabalho salva vidas é um orgulho diário», comemora Ana Lúcia, enfermeira há dez anos no centro de saúde materno-infantil de Água Grande.

A pandemia da Covid-19, como em todos os outros lugares, colocou esta dinâmica à prova. Em 2023, a taxa de cobertura vacinal desceu para 87%. No entanto, a resposta nacional, com o apoio dos parceiros, foi rápida, estruturada e inovadora. Foram intensificadas atividades de vacinação adicionais, com especial ênfase nos distritos com baixa cobertura vacinal. A procura ativa de crianças zero doses ou sub-vacinadas por equipas móveis ao nível comunitário, com o apoio de agentes de saúde comunitários e organizações da sociedade civil, permitiu também reforçar a sensibilização e recuperar as crianças com esquemas de vacinação em atraso.

O apoio da OMS também promoveu a introdução de novas vacinas, a organização de campanhas de vacinação e a mobilização das comunidades, com vista a aumentar a procura de serviços de vacinação. «A essência da vacinação adquire aqui uma dimensão humana: proteger as crianças, reforçar a confiança das famílias e construir comunidades mais saudáveis. São Tomé e Príncipe mostra que, apesar dos desafios, é possível progredir», afirma o Dr. Abdoulaye Diarra, Representante da OMS em São Tomé e Príncipe.

A forte colaboração entre o Governo, os profissionais de saúde, as comunidades e os parceiros técnicos e financeiros é elogiada. «O exemplo de São Tomé e Príncipe ilustra a força da parceria. O governo, os profissionais de saúde e as comunidades trabalham em conjunto para garantir um acesso sustentável às vacinas», sublinha a Dra. Antoinette Awaga, responsável pela equipa de países de rendimento médio em transição da Gavi.

Estes progressos baseiam-se num sistema acessível, em campanhas regulares, na formação dos profissionais de saúde e numa melhor informação das famílias. Entre os vários progressos registados no país, o Programa Alargado de Vacinação (PAV) destaca-se como um dos mais significativos.

«Nas últimas décadas, o PAV tem sido um dos pilares mais sólidos da prevenção de doenças e da promoção da saúde da nossa população. Graças ao trabalho desenvolvido com todos os intervenientes, muitas vidas foram salvas e o futuro de inúmeras crianças ficou protegido», afirmou a Dra. Solange Barros, coordenadora do PAV de São Tomé e Príncipe.

Além de salvar vidas, a vacinação promove o desenvolvimento. Reduz as despesas com saúde, melhora a frequência escolar, reforça a produtividade familiar e cria um vínculo duradouro entre as populações e o respetivo sistema de saúde.

«Aqui, não se vem apenas para tomar uma vacina, mas sim para garantir o futuro. Vacinar os meus filhos é um gesto de amor e responsabilidade», concluiu Jucilène, ao sair do centro de saúde com o seu bebé às costas.

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