Diretor-Geral da OMS Testemunha Esforços para Restaurar Vidas Afectadas pela Fístula

Diretor-Geral da OMS Testemunha Esforços para Restaurar Vidas Afectadas pela Fístula

Ao som suave e comovente do coro das pacientes internadas, o Director-Geral da Organização Mundial da Saúde, Dr. Tedros  Adhanom, percorreu a ala de internamento de fístula do Hospital Azancot de Menezes, visivelmente emocionado com a realidade que ali se impunha.  

 

Cada passo reflectia a intensidade do momento e a força dos esforços incansáveis para tratar e devolver a dignidade às mulheres que carregam uma dor silenciosa, vítimas da fístula obstétrica, uma condição que surge, de forma paradoxal, do acto mais sublime: dar à luz. 

 

A fístula obstétrica é uma lesão devastadora associada ao parto que afecta milhões de mulheres em todo o mundo, sobretudo nos países em desenvolvimento. Ocorre quando uma mulher enfrenta um trabalho de parto prolongado e obstruído, sem acesso a cuidados médicos oportunos, o que resulta na formação de uma abertura entre o canal de parto e a bexiga ou o reto. Em alguns casos, pode também ser causada por erro médico, abuso sexual ou outras lesões traumáticas.  

Esta condição provoca incontinência crónica, isolamento social e estigma. Em Angola, estima-se que 20 mil mulheres vivam com fístula obstétrica; muitas delas são rejeitadas pelos parceiros e marginalizadas pelas comunidades, estando condenadas a um destino trágico. 

No entanto, há esperança. O Centro Vangulula da Maternidade Azancote de Menezes, que em língua local kimbundo significa “restaurar a vida”, é um símbolo de resiliência e humanidade. Criado pela Fundação Vangulula, este centro, além do tratamento, promove também a reabilitação, a reintegração social e a prevenção, garantindo cuidados de qualidade durante o parto e incentivando o planeamento familiar, sobretudo em áreas rurais.  

Entre 2014 e 2024, foram tratadas 3195 mulheres, tendo-se registado uma taxa de sucesso de 98% nos casos simples. No entanto, persistem desafios: a falta de um bloco operatório próprio para fístulas, a escassez de recursos financeiros e a carência de profissionais, entre outros factores, prolongam a estadia das pacientes e limitam o número de cirurgias. 

Segundo o Dr. Tedros, “o tratamento das mulheres com fístula é um gesto de humanidade que lhes devolve a dignidade e a esperança. Garantir apoio e solidariedade é um acto imensurável que deve unir governos, famílias e parceiros da área da saúde.” 

 

A ministra da Saúde de Angola, Dra. Sílvia Lutucuta reforça esta visão ao afirmar que “a fístula obstétrica continua a ser um problema de saúde pública, afectando milhares de mulheres”. Embora seja uma condição prevenível e tratável, permanece associada ao estigma e ao abandono familiar, o que reforça a importância de intervenções que promovam a autonomia e a inclusão social após o tratamento das mulheres.” 

A prevenção e o tratamento da fístula não são apenas questões médicas, mas também um compromisso com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, a equidade e os direitos humanos. Cada mulher tratada representa uma vida restaurada, uma história reescrita e um futuro recuperado. Para que tal seja possível, é essencial o empenho de todos. Juntos, podemos garantir que estas mulheres, que simbolizam a própria vida e a continuidade da humanidade, recuperem o sorriso e o direito de sonhar novamente. 

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Olívio Gambo

Oficial de Comunicação
Escritório da OMS em Angola
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