No Dia Mundial de luta contra a Poliomielite 2025, juntamo-nos para celebrar o progresso de África rumo a um continente livre da poliomielite e renovamos o nosso compromisso colectivo de proteger todas as crianças contra esta doença evitável. O tema deste ano, End Polio: Every Child, Every Vaccine, Everywhere (Acabar com a Poliomielite: Cada criança, uma vacina, em qualquer lugar), é um apelo para garantir que nenhuma criança, em qualquer contexto, fique desprotegida.
Em toda a Região Africana, os países continuam a registar progressos significativos rumo a este objectivo Os progressos registados em 2025 reflectem o reforço da coordenação transfronteiriça, a expansão da vigilância, a melhoria da capacidade laboratorial e a utilização de ferramentas digitais para aumentar o alcance, a eficiência e a equidade.
Entre Janeiro e Outubro de 2025, 15 países africanos alcançaram quase 200 milhões de crianças com pelo menos uma dose de vacina contra a poliomielite através de rondas de vacinação suplementares. Treze países lançaram campanhas sincronizadas, incluindo em contextos muito difíceis. No Corno de África, o Jibuti, a Etiópia, o Quénia e a Somália vacinaram conjuntamente mais de 18 milhões de crianças em duas rondas consecutivas, demonstrando o impacto da colaboração regional.
Na bacia do Lago Chade e no Sahel, a sincronização transfronteiriça das actividades de vacinação tem sido fundamental para chegar às crianças das comunidades fronteiriças. Em Abril de 2025, os Ministros da Saúde lançaram uma campanha coordenada para proteger 83 milhões de crianças em toda a sub-região.
Os esforços coordenados têm vindo a traduzir-se em avanços tangíveis. Entre 2024 e Outubro de 2025, registou-se uma redução significativa no número de países africanos com surtos activos de poliovírus tipo 2, passando de 24 para 14. Esta evolução foi acompanhada por uma diminuição de 54% no total de detecções do vírus. De acordo com os dados de Outubro de 2025, 2 (dois) países notificaram casos de poliovírus tipo 1, 14 países notificaram casos do tipo 2 e 3 (três) países registaram casos do tipo 3.
Os progressos estão a ser sustentados por sistemas mais fortes. Em meados de 2025, 11 laboratórios apoiados pela OMS tinham expandido a capacidade de sequenciação genómica, enquanto seis começaram a testar técnicas avançadas. De forma destacada, o início do ano foi marcado pela acreditação do laboratório Sanger do Uganda, que reforçou as suas capacidades de detecção e monitorização de variantes.
O recurso à vigilância ambiental também se alargou significativamente. Actualmente, 98% dos países da Região Africana da OMS dispõem de sistemas para monitorizar as águas residuais e os esgotos em busca de poliovírus, fornecendo alertas precoces de uma possível transmissão e permitindo uma resposta rápida antes da propagação do vírus.
A inovação digital está a melhorar a forma como as equipas da linha da frente são apoiadas e como os dados são utilizados. Mais de 850 000 trabalhadores da linha da frente na Região Africana recebem pagamentos digitais através de plataformas de dinheiro móvel, sendo 95% pagos no prazo de 10 dias após a conclusão da campanha. Este facto melhorou a responsabilização e a pontualidade, especialmente em zonas remotas. A cartografia geoespacial realizada pelo Centro de Sistema de Informação Geográfica (SIG) do Escritório Regional da OMS para a África também ajudou os países a localizar e a chegar às crianças em populações que anteriormente não eram abrangidas, incluindo comunidades nómadas e fronteiriças.
Contudo, o trabalho ainda não está concluído. A diminuição da cobertura vacinal de rotina, as interrupções das campanhas de vacinação, a insegurança e a hesitação em vacinar continuam a representar riscos. Para acabar verdadeiramente com a poliomielite, os países têm de manter a coordenação transfronteiriça, chegar às crianças com dose zero e sub-vacinadas, expandir a capacidade de vigilância e sequenciação e manter uma resposta de alta qualidade aos surtos.
Acabar com a poliomielite em África é mais do que travar a transmissão. Significa reforçar os sistemas, a força de trabalho e as redes que sustentam a vacinação, a preparação para surtos e serviços de saúde resilientes. A tarefa que temos pela frente exige um empenhamento contínuo, um financiamento adequado e uma acção coordenada a todos os níveis.
O último quilómetro é sempre o mais difícil, mas é também o mais importante.
Neste Dia Mundial de luta contra a Poliomielite, renovemos a nossa determinação de chegar a todas as crianças, com todas as vacinas, em todos os lugares - e de fazer a poliomielite pertencer ao passado, de forma definitiva.
Para saber mais:
