Em Angola, a schistossomíase (SCH) e as helmintíases transmitidas pelo solo (HTS) continuam a ser desafios significativos de saúde pública, afectando o estado nutricional, a capacidade de aprendizagem e o rendimento escolar das crianças, particularmente nas regiões endémicas.

Alinhado com os compromissos globais de saúde e a Agenda 2030, Angola estabeleceu como meta a eliminação da schistossomíase e das helmintíases transmitidas pelo solo como problemas de saúde pública até 2030. As campanhas de desparasitação são uma intervenção estratégica, custo-efectiva e sustentada para reduzir o impacto destas doenças, promovendo o desenvolvimento integral das crianças e a equidade no acesso a cuidados de saúde.

No âmbito da Subcomponente 1.1-Saúde Escolar do Projecto Empoderamento da Rapariga e Aprendizagem Para Todos (PAT II), os Ministérios da Educação e da Saúde implementaram, com o apoio técnico da Organização Mundial da Saúde (OMS) e parceiros, duas rondas da Campanha Nacional de Desparasitação Escolar.

A campanha decorreu entre Novembro de 2024 e Maio a Junho de 2025, abrangendo 12 províncias, nomeadamente Benguela, Cabinda, Icolo e Bengo, Luanda, Huambo, Malanje, Lunda Norte, Lunda Sul, Namibe, Cunene, Moxico, Uíge e Zaire. Foram desparasitadas 3.294.513 crianças e adolescentes entre os 5 e os 14 anos, de um total de 3.614.163 previstos, atingindo uma cobertura de 80%, em 5.281 escolas. Este resultado evidencia a forte adesão comunitária e a eficácia operacional das equipas envolvidas.

O sucesso da campanha deveu-se, em grande parte, à adopção de um modelo de formação em cascata, iniciando com Pontos Focais de Género e equipas provinciais, passando para técnicos municipais e directores de escola. Foram também implementadas acções de comunicação e mobilização social para enfrentar resistências, desinformação e receios sobre os medicamentos. Segundo a Ministra da Saúde, Dra. Silvia Lutucuta, ‘‘um factor de sucesso para esta campanha foi o compromisso e o apoio essencial das Direcções Municipais de Saúde e Educação, da Organização Mundial da Saúde, de organizações comunitárias, dos directores escolares, autoridades tradicionais e voluntários’’.

A Campanha de Desparasitação Escolar demonstra que é possível atingir de forma equitativa um elevado número de crianças em idade escolar, utilizando a escola como plataforma de saúde. Esta abordagem não apenas protege a saúde das crianças, como também contribui para reduzir o absentismo escolar, melhorar o rendimento académico e promover a aprendizagem de qualidade.

A campanha demonstrou a capacidade do Governo e das equipas técnicas de atingir áreas urbanas e rurais, ultrapassar desafios logísticos e implementar boas práticas em larga escala. 

A cerimónia de apresentação dos resultados, realizada aos 12 de Dezembro de 2025, em Luanda, culminou com a Declaração de Compromisso para a continuidade das acções de Saúde Escolar, reafirmando o compromisso da OMS em apoiar o MINSA em expandir boas práticas, modernizar sistemas de informação e garantir intervenções cada vez mais eficazes, equitativas e sustentáveis. 

‘‘Garantir crianças saudáveis é garantir famílias saudáveis, comunidades resilientes e assegurar o futuro de Angola.’’ Afirmou o Dr. Indrajit Hazarika, Representante da OMS em Angola.