Dia Mundial da Visão 2025

Mensagem do Director Regional da OMS para a África

Hoje é o Dia Mundial da Visão, celebrado anualmente na segunda quinta-feira de Outubro. Este dia visa sensibilizar para a importância de manter uma visão saudável. 

Uma boa visão melhora significativamente o bem-estar geral, o desempenho académico, as oportunidades de emprego e a produtividade económica. No entanto, a incapacidade visual continua a ser uma importante preocupação de saúde pública a nível mundial, prevendo-se que a prevalência aumente se não houver intervenções específicas.

Através de uma acção concertada, a Região Africana reduziu a perda de visão resultante de problemas como a insuficiência de vitamina A, a oncocercose e o tracoma. No entanto, a saúde ocular enfrenta novos desafios devido ao envelhecimento da população, estilos de vida pouco saudáveis, factores ambientais, práticas educativas inadequadas, baixo grau de consciência, alterações na alimentação, estilos de vida sedentários e ao aumento das doenças não transmissíveis (DNT), o que tem resultado num crescimento da incapacidade visual e da cegueira evitáveis, como os erros de refracção e as cataratas, agravando ainda mais os desafios já existentes nos sistemas de saúde.

Para fazer face ao desafio crescente colocado pelos erros de refracção e as cataratas, foram implementadas várias intervenções estratégicas. Uma das iniciativas mais importantes foi a VISÃO 2020: O Direito à Visão, destinado a eliminar a cegueira evitável e reversível. Este esforço mundial colocou uma ênfase particular na cegueira relacionada com as cataratas, com o objectivo de criar serviços de tratamento de cataratas em número suficiente, sustentáveis e economicamente vantajosos até 2020.

Além disso, a Assembleia Mundial da Saúde aprovou uma resolução em 2021 instando os governos a adoptarem cuidados de saúde ocular integrados e centrados nas pessoas, com os objectivos mundiais para uma cobertura eficaz dos erros de refracção e cirurgia às cataratas que devem ser alcançados até 2030, nomeadamente, um aumento de 40 pontos percentuais na cobertura dos erros de refracção e um aumento de 30 pontos percentuais na cobertura da cirurgia às cataratas. 

Além disso, a iniciativa SPECS 2030, lançada pela OMS em Junho de 2024, prevê que, até 2030, todas as pessoas que necessitam de serviços para erros de refracção tenham acesso a cuidados de qualidade, acessíveis e centrados nas pessoas. A iniciativa centra-se no reforço da prestação de serviços, no aumento do pessoal da saúde ocular, na sensibilização do público, na redução do custo dos serviços para erros de refracção e na melhoria dos sistemas de vigilância, por forma a cumprir as metas mundiais de uma cobertura eficaz. Na Região Africana, oito Estados-Membros[1] iniciaram a implementação da iniciativa SPECS 2030, tendo alguns já envolvido as partes interessadas e elaborado planos de trabalho, enquanto outros continuam na fase de planeamento.

Apesar dos vários esforços empreendidos para reduzir a perda de visão e a cegueira, persistem desafios significativos em toda a Região Africana. Em 2021, apenas 32% dos Estados-Membros[2] tinham elaborado um documento de política nacional específico para a perda de visão e a cegueira. Esta cobertura política limitada reflecte uma lacuna mais ampla na priorização e na afectação de recursos para a saúde ocular.

Os actuais níveis de cobertura dos serviços também realçam a amplitude das necessidades não satisfeitas. A cobertura efectiva da cirurgia às cataratas na Região é de apenas 26%, o que significa que apenas cerca de uma em cada quatro pessoas que necessitam de cirurgia às cataratas são submetidas à intervenção cirúrgica com um bom resultado visual. Do mesmo modo, a cobertura efectiva dos erros de refracção está estimada em 30% na Região, indicando que apenas uma em cada três pessoas que necessitam de correcção da visão com óculos foram tratadas com sucesso para conseguir uma boa visão. Estes números sublinham a necessidade urgente de uma integração mais robusta do sistema de saúde, de um maior investimento e de estratégias específicas para melhorar o acesso a serviços de cuidados de saúde ocular de qualidade.

São necessárias mais medidas para garantir cuidados de saúde ocular equitativos e sustentáveis em todos os países. Em conformidade com a resolução de 2025 da Assembleia Mundial da Saúde sobre incapacidades sensoriais, os Estados-Membros são instados a aumentar a sensibilização, reduzir o estigma e autonomizar as pessoas com incapacidades sensoriais. Isto inclui o desenvolvimento de estratégias nacionais alinhadas com as orientações da OMS, a integração de cuidados sensoriais e tecnologias de assistência em pacotes de benefícios para a saúde com financiamento sustentável, o alargamento e a formação do pessoal da saúde e a incorporação de indicadores de saúde sensorial nos sistemas nacionais de informação para orientar políticas baseadas em dados factuais.

Os decisores políticos devem também utilizar plataformas mundiais, como o Dia Mundial da Visão, para sensibilizar o público e promover a detecção precoce. Os países são encorajados a utilizar as ferramentas técnicas da OMS - incluindo instrumentos de recolha de dados, quadros de análise de situação e inovações digitais, como a WHO Eyes, uma aplicação gratuita para smartphones para a avaliação da visão - com vista a apoiar o rastreio de rotina e reforçar os esforços de política e defesa.

O dia de hoje também constitui uma oportunidade para encorajar as pessoas a reconsiderarem os seus hábitos quotidianos e a adoptarem medidas preventivas contra a incapacidade visual e a cegueira, tais como exames oftalmológicos regulares e cuidados médicos atempados. Através destas medidas, é possível alcançar uma saúde ocular ideal e beneficiar das vantagens de uma boa visão. 

Para saber mais:


[1]   Gâmbia, Libéria, Maláui, Mauritânia, Moçambique, Quénia, Ruanda e Zâmbia

[2]   Argélia, Burquina Faso, Botsuana, Chade, Côte d’Ivoire, Eritreia, Etiópia, Madagáscar, Nigéria, Quénia, Ruanda, Serra Leoa, Essuatíni, Uganda e Zâmbia