Dia Internacional da Mulher 2021

Mensagem da Dr.ª Matshidiso Moeti, Directora Regional da OMS para a África

Anualmente, no dia 8 de Março, o mundo celebra o Dia Internacional da Mulher para reconhecer as conquistas das mulheres e para fazer um balanço dos progressos com vista à igualdade dos géneros.

O tema deste ano é “Mulheres em cargos de liderança: Alcançar um futuro equitativo num mundo COVID-19.” A pandemia de COVID-19 ajudou a mostrar a liderança eficaz das mulheres, especialmente em tempos de crise - como Chefes de Estado, como funcionárias dos quadros superiores, como peritas e inovadoras, como líderes de negócios, como 70% do pessoal da saúde da linha da frente (expostas a um risco mais elevado de infecção), e como guardiãs de famílias e comunidades. As mulheres enfrentaram este desafio com coragem e honestidade, aprendendo e adaptando face a uma situação em rápida evolução.

Ao mesmo tempo, as desigualdades que desfavorecem as mulheres têm sido acentuadas nesta pandemia. As ordens para permanecer em casa levaram a que os meios de subsistência de muitas mulheres africanas – que trabalham como cabeleireiras ou vendedoras no mercado, por exemplo – ficassem em suspenso. Os confinamentos, juntamente com o medo de contrair a infecção, assim como a escassez no pessoal da saúde, estão entre as principais razões para os relatórios de quebras no acesso a contraceptivos, cuidados pré-natais e partos em unidades de saúde na Nigéria, Zimbabué e outros países. Estas restrições, incluindo o encerramento das escolas, aumentaram também os riscos de violência sexual e de género, gravidezes adolescentes, e abandono escolar, especialmente para as raparigas.

Esta pandemia terá impactos a longo prazo no tecido social e económico das nossas sociedades, incluindo nos progressos com vista à igualdade dos géneros. A ONU Mulheres projecta que, em 2021, mais oito milhões de mulheres do que homens serão empurradas para a pobreza extrema na África Subsariana.

Na OMS estamos a oferecer orientações e apoio técnico aos governos para garantir a prestação contínua de serviços essenciais adaptados aos géneros e para avaliar as barreiras que as raparigas e as mulheres enfrentam no acesso a esses serviços. Trinta e seis Estados-Membros na Região Africana integraram pelo menos uma medida adaptada aos géneros nos seus planos nacionais de resposta à COVID-19. Formámos 155 profissionais de saúde em 22 países africanos para prestar apoio às mulheres que sofrem de violência de género e para continuar a prestar serviços seguros de saúde sexual e reprodutiva, assim como serviços de VIH, no contexto da COVID-19.

Dentro da OMS, continuamos empenhados a ajudar as mulheres a avançarem nas suas carreiras e a reforçarem o seu potencial de liderança. Mais de 80 funcionárias de nível intermédio e superior na Região participaram em formação em liderança e estamos a desenvolver a expansão dessa formação aos ministérios da saúde. Na República do Congo, 34 mulheres que lideram instituições descentralizadas de cuidados de saúde primários participaram no programa.

O ano passado lançámos a Iniciativa das Jovens Líderes Africanas em parceria com o programa de voluntários das Nações Unidas, com vista a recrutar 100 voluntários das Nações Unidas na Região Africana. Apesar dos enormes desafios na resposta à COVID-19, 27 voluntários já estão a participar, 93% deles mulheres, e mais de 20 estarão a participar nos próximos meses.

As mulheres representam agora 33% da nossa força de trabalho, face aos 30% em 2015. Criámos um programa de mentoria e uma força de intervenção para promover um ambiente de trabalho mais propício às funcionárias da OMS na Região.

Para terminar, neste dia Internacional das Mulheres apelo a todos para reconhecerem as competências e o potencial de liderança das mulheres, com vista a avançarmos em direcção à igualdade dos géneros. Superar as desigualdades nas nossas sociedades irá resultar numa melhor saúde, desenvolvimento e prosperidade para todas as pessoas.


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