São Tomé e Príncipe determinado a eliminar o paludismo

São Tomé - São Tomé e Príncipe registou progressos notáveis na luta contra o paludismo. Nos últimos cinco anos, foram registadas apenas duas mortes relacionadas com esta doença no país.

Durante o primeiro trimestre de 2025, o país registou 1.293 casos de paludismo e nenhum óbito. A Região Autónoma do Príncipe, a menor das duas principais ilhas que constituem São Tomé e Príncipe, registou apenas três casos de paludismo até março de 2025, contra nove no mesmo período do anterior.

À luz deste progresso, o Programa Nacional de Eliminação do Paludismo (PNEP), com o apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS), está a liderar os esforços de sensibilização da comunidade e a manter o foco nos desafios para a eliminação da doença.
 

António de Oliveira é um agente de saúde comunitária na comunidade Praia das Burras, na costa norte da ilha do Príncipe. Começou a trabalhar como agente comunitário de saúde aos 19 anos e, atualmente com 56 anos, continua a ser o principal ponto de contacto para questões de saúde da sua comunidade e de três outras comunidades vizinhas.

A partir do seu posto comunitário improvisado, realiza o primeiro teste de despistagem da malária e todos os casos positivos são encaminhados para o hospital regional para tratamento. Em Janeiro de 2025, foi ele quem diagnosticou um caso de paludismo na sua comunidade.

"Normalmente, quando alguém tem febre, dores ou queixa-se de não se sentir bem, faço sempre um teste de diagnóstico rápido para excluir o paludismo. Neste caso, o doente já apresentava febre em casa há vários dias e, assim que o teste deu positivo, chamei uma ambulância para o levar para o hospital", explica o Sr. Oliveira.
O enfermeiro Bem Vindo, da Região Autónoma do Príncipe, explica o protocolo a seguir após um diagnóstico positivo: "Em conjunto com o agente de saúde comunitária, deslocamo-nos à casa do doente para verificar se não há criadouros de mosquitos ou água estagnada. Também administramos medicação preventiva aos membros da família, efetuamos testes e pulverizamos a casa, se necessário".

O Sr. Oliveira educa ativamente a sua comunidade sobre a manutenção da casa e dos seus arredores, a necessidade de evitar a acumulação de água e a importância de utilizar redes mosquiteiras.

"Todas as manhãs, levanto-me para verificar se os quintais foram limpos e converso com as pessoas sobre a implementação de medidas preventivas. Só com o empenho de todos é que conseguiremos eliminar esta doença", afirma.
De acordo com o Delegado Regional em exercício da Região Autónoma do Príncipe, não foram registados casos autóctones de paludismo entre 2018 e 2020. Este resultado colocou a ilha no centro da estratégia de eliminação da doença até 2025.

Jairson Rosário, de 28 anos, mora na Praia das Burras e não se lembra da última vez que teve paludismo. "Foi há muito tempo, mas sempre dormimos com mosquiteiro em casa. É melhor prevenir do que remediar", afirma.

Embora a intensificação das intervenções integradas de controlo do paludismo tenha produzido resultados positivos, colocando São Tomé e Príncipe na iniciativa E2025 da OMS para potencial eliminação este ano, o recente aumento dos casos de paludismo impediu que este objetivo fosse alcançado.

Foi registada uma média de 15 a 30 casos por ano e, em 2024, foram notificados 34 casos na Região Autónoma do Príncipe.

"As pessoas perderam a imunidade à doença e, se não forem implementadas medidas preventivas, como a pulverização das casas com inseticida, o uso de redes mosquiteiras impregnadas e medidas de higiene e saneamento ambiental, a doença vai aparecer com mais intensidade", explica a Dra. Didiena Vilhete, coordenadora do PNEP.
"Estamos a trabalhar arduamente para travar a propagação da doença. Não vamos conseguir atingir o nosso objetivo inicial em 2025, mas vamos intensificar a nossa resposta para evitar novos casos na ilha do Príncipe e, assim, alcançar o nosso objetivo nacional de zero casos autóctones de malária até 2027", afirma o Dr. Wilson Soares, delegado regional em exercício para a Região Autónoma do Príncipe.

"Dispomos de medicamentos, sprays e de uma estratégia de tratamento reativo, bem como de recursos humanos para responder aos casos. Continuamos também a reforçar a sensibilização, a informação e a comunicação, de forma a consciencializar os decisores locais, as comunidades e os profissionais de saúde. É assim que conseguiremos vencer o paludismo na Região Autónoma do Príncipe", acrescenta.
Com o apoio da OMS, o país elaborou um novo plano para o período 2023 a 2027. O plano tem como meta eliminar os casos de paludismo autóctone no distrito de Caué e na Região Autónoma do Príncipe, bem como reduzir para menos de um caso os registos de paludismo autóctone nos restantes cinco distritos da ilha de São Tomé até 2027.

"Isto só pode ser conseguido através do reforço da vigilância da doença, da implementação de uma boa estratégia de vigilância, da garantia da qualidade do diagnóstico laboratorial, da implementação de um tratamento correto de todos os casos de malária e da garantia de intervenções integradas de controlo dos vetores", afirma Jessica Veiga Soares, chefe de saúde pública e controlo de doenças da OMS em São Tomé e Príncipe. "É também importante assegurar o empenho total de todos, incluindo a comunidade, através da mobilização social, da comunicação e do reforço das capacidades."
Em consonância com este firme compromisso de eliminação, o Programa Nacional de Controlo do Paludismo passou a designar-se Programa Nacional de Eliminação do Paludismo, com estratégias redefinidas centradas em intervenções orientadas e responsivas e em marcos epidemiológicos, a nível nacional, começando pela Região Autónoma do Príncipe e pelo distrito de Caué, e estendendo-se a outros distritos.

"Neste processo, a OMS reafirma o seu compromisso de apoiar o país na implementação de medidas baseadas em dados científicos para acelerar a eliminação do paludismo e alcançar um futuro sem esta doença", afirma a Sra. Veiga Soares.
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