Ministros da saúde africanos apelam à tomada de medidas urgentes devido à estagnação dos progressos na luta contra o paludismo

Ministros da saúde africanos apelam à tomada de medidas urgentes devido à estagnação dos progressos na luta contra o paludismo

Lusaca - Os progressos na luta contra o paludismo na Região Africana abrandaram significativamente, tendo o número de casos diminuído apenas 5% desde 2015 e a mortalidade 16%, muito aquém da meta de redução de 75% que deveria ter sido alcançada até 2025. Sem uma intensificação dos esforços, a Região corre o risco de não atingir as metas para 2030 estabelecidas no âmbito da Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo.

A Estratégia Técnica Mundial para o Paludismo 2016-2030, adoptada em 2015, fixa a meta de redução das taxas mundiais de incidência e mortalidade do paludismo em pelo menos 90% até 2030.

A fragilidade dos sistemas de saúde, caracterizados por um acesso difícil e tardio a serviços de saúde de qualidade, os impactos de conflitos e de catástrofes naturais, um financiamento interno inadequado e as alterações climáticas são alguns dos factores que impedem os progressos na luta contra o paludismo. A resistência generalizada aos insecticidas, a resistência aos meios de diagnóstico e aos medicamentos antipalúdicos, bem como uma coordenação insuficiente, também contribuem para a estagnação.

Poucos governos africanos cumpriram os seus compromissos de aumentar o financiamento interno para pôr fim ao paludismo devido a limitações no ambiente económico e a prioridades nacionais divergentes. Em 2023, foi investido um total de 4 mil milhões de dólares a nível mundial na resposta ao paludismo, quando eram necessários 8,3 mil milhões de dólares. Cerca de 63% do financiamento para a luta contra o paludismo provém de fontes internacionais. Os recentes cortes no financiamento e as mudanças no financiamento a nível mundial podem prejudicar ainda mais os ganhos obtidos até à data, mas representam uma oportunidade para repensar o modelo de financiamento dos programas de luta contra o paludismo.  

Reunidos na septuagésima quinta sessão do Comité Regional da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a África em Lusaca, na Zâmbia, de 25 a 27 de Agosto de 2025, os ministros africanos da saúde apelaram à tomada de medidas urgentes, com vista a acelerar a prevenção e o controlo do paludismo.

Os ministros da saúde chegaram a acordo sobre uma série de medidas urgentes, incluindo o reforço das capacidades institucionais locais para promover a resiliência dos sistemas de saúde, a formação e a retenção de profissionais de saúde qualificados, incluindo os agentes comunitários de saúde; o reforço das cadeias de abastecimento de produtos de base para o paludismo através de sistemas de aquisição conjunta e do fabrico local; a melhoria da utilização da análise de dados para manter e alargar a cobertura de intervenções economicamente vantajosas, incluindo a implementação da vacinação contra o paludismo; bem como o aumento do financiamento interno, da coordenação e da responsabilização dos governos e das partes interessadas.

"Houve progressos, mas não são suficientes. Os casos e as mortes não estão a diminuir suficientemente depressa. Temos de fazer mais e mais depressa", afirmou o Dr. Mohamed Janabi, Director Regional da OMS para a África. "Acabar com o paludismo não tem a ver apenas com salvar vidas. Trata-se de libertar o potencial humano, impulsionar o crescimento económico e garantir a estabilidade e o futuro de África. Juntos, os governos, os parceiros, a sociedade civil e as comunidades podem remeter o paludismo para os livros de história".

Nas últimas duas décadas, os ganhos obtidos no controlo e eliminação do paludismo permitiram evitar cerca de 2,2 mil milhões de casos e 12,7 milhões de mortes, graças à intensificação dos esforços de controlo da doença.

Registou-se um aumento da cobertura das medidas de controlo do paludismo. As taxas de utilização de redes mosquiteiras tratadas com insecticida (RMTI) aumentaram de 46% em 2021 para 59% em 2023; o número de crianças com acesso à quimioprevenção sazonal do paludismo aumentou de 200 000 em 2012 para 53 milhões em 2023 em 18 Estados-Membros; e até Julho de 2025, cerca de 6 milhões de crianças tinham recebido vacinas antipalúdicas em 20 países.

Também estamos a assistir a alguns progressos na eliminação do paludismo e, desde 2015, dois países da Região, a Argélia em 2019 e Cabo Verde em 2024, foram certificados como estando livres de paludismo.

O Ruanda e São Tomé e Príncipe estão no bom caminho para atingir as metas de 2025 de reduzir a incidência de casos e diminuir a mortalidade, respectivamente, o que realça o facto de que estratégias adaptadas e baseadas em dados podem produzir resultados que salvam vidas.

Com um empenhamento continuado, é possível acabar com ao paludismo.

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