Dia Mundial da Diabetes 2022

Mensagem da Dr.ª Matshidiso Moeti, Directora Regional da OMS para a África


Ano após ano, a 14 de Novembro, a comunidade internacional comemora o Dia Mundial da Diabetes. Esta efeméride serve para despertar consciências em relação ao crescente fardo desta doença e às estratégias necessárias para prevenir e enfrentar a ameaça que esta doença representa.

O tema deste ano é “Acesso aos cuidados para a diabetes”, como foi o caso no ano passado, e será novamente discutido em 2023, realçando assim a importância dos esforços de prevenção e resposta.

As estatísticas da diabetes em África são reveladoras da profundidade do desafio: com efeito, 24 milhões de adultos vivem actualmente com diabetes, prevendo-se que esse número aumente para 55 milhões, ou seja um acréscimo de 129% até 2045. No ano passado, a diabetes mellitus ceifou a vida a 416 000 pessoas no continente e prevê-se que se torne uma das principais causas de morte em África até 2030.

É importante referir que a diabetes é a única doença não transmissível cujo risco de morte precoce está a aumentar, em vez de diminuir.

Os factores de risco conhecidos incluem o historial familiar e o envelhecimento juntamente com os factores de risco modificáveis, como o excesso de peso e a obesidade, os estilos de vida sedentários, as dietas pouco saudáveis, o tabagismo e o consumo de álcool. Infelizmente, estes factores de risco modificáveis estão a aumentar em todos os países da Região Africana da OMS.

Ademais, os esforços de resposta são limitados pelo facto de mais de uma em cada duas pessoas em África que vivem com diabetes mellitus nunca ter sido diagnosticada. Uma das áreas de acção mais iminentes é a que consiste em alargar o acesso a instrumentos de diagnóstico e medicamentos, em particular, à insulina.

A diabetes pode levar a várias complicações debilitantes como ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais, insuficiências renais, amputações dos membros inferiores, deficiências visuais, cegueiras e lesões nos nervos se não for controlada e se as pessoas afectadas por esta doença não fizeram alterações no seu estilo de vida. Além disso, as pessoas com diabetes também apresentam um risco mais elevado de desenvolverem sintomas graves da COVID-19.

Para acelerar os progressos realizados na luta contra a diabetes e outras doenças não transmissíveis, a OMS desenvolveu o Pacto Mundial contra a Diabetes. A sua visão consiste em reduzir os impactos negativos da doença e garantir que todas as pessoas que vivem com diabetes têm acesso a tratamento e a cuidados equitativos, abrangentes, económicos e de qualidade.

Durante a 75.ª Assembleia Mundial da Saúde, em Maio deste ano, os Estados-Membros da OMS apoiaram o estabelecimento das primeiras metas mundiais para a diabetes até 2030, como parte das recomendações para reforçar e monitorizar as respostas à diabetes no âmbito dos programas nacionais dedicados às doenças não transmissíveis. Estas metas prevêem que 80% das pessoas que vivem com diabetes sejam diagnosticadas e tenham um bom controlo dos seus níveis glicémicos e da sua tensão arterial; que 60% das pessoas com mais de 40 anos recebam tratamento com estatinas; e que 100% das pessoas com diabetes de tipo 1 tenham acesso à insulina e à técnica de automonitorização da glicose no sangue a preços acessíveis.

Por ocasião da 72.ª sessão do Comité Regional da OMS para a África, em Agosto de 2022, foram envidados esforços para melhorar os serviços de prevenção e gestão dos cuidados para a diabetes, e alcançar a cobertura universal de saúde, tendo os Ministros da Saúde do continente adoptado a estratégia regional PEN-Plus. Esta iniciativa centra-se na integração de cuidados em ambulatório para as doenças não transmissíveis graves e crónicas nas unidades de saúde de referência de primeiro nível.

Assim, a estratégia apela ao reforço das capacidades destas unidades de saúde para que possam diagnosticar e gerir a diabetes de tipo 1 e outras doenças não transmissíveis graves. A sua implementação irá reduzir o número de mortes e melhorar a qualidade de vida das crianças africanas que vivem com diabetes de tipo 1.

Hoje, ao assinalarmos o Dia Mundial da Diabetes, gostaria de aproveitar a oportunidade para apelar aos governos dos Estados-Membros para que dêem prioridade ao investimento em produtos essenciais, como a insulina, os gleucómetros e as tiras de teste. É um investimento fundamental para garantir uma acessibilidade equitativa a todas as pessoas que vivem com diabetes, independentemente de onde se encontrem no continente.

A OMS na Região Africana compromete-se a prestar todo o apoio à indispensável formação de profissionais de saúde em prevenção e gestão de doenças não transmissíveis ao nível distrital e comunitário, para melhorar a disponibilidade destes serviços.

Exorto igualmente os governos africanos a adoptarem e personalizarem as metas mundiais para a diabetes que são partes integrantes das recomendações, de forma a reforçar e monitorizar a resposta à diabetes nos seus programas nacionais de luta contra as doenças não transmissíveis.

Às populações africanas, acho que nunca realçarei demasiado a importância de uma dieta saudável e equilibrada, reforçada com uma actividade física regular, com o não consumo de tabaco, a manutenção de um peso saudável e um consumo moderado do álcool. Todas estas medidas contribuirão para proteger as pessoas com diabetes de tipo 2 e outras doenças não transmissíveis.

Por último, aos nossos parceiros, digo que vamos unir esforços de forma a apoiar os governos africanos para que apressem a implementação do Pacote de Intervenções Essenciais da OMS para as Doenças Não Transmissíveis (‎PEN)‎ e promovam estilos de vida saudável, além de melhorar o acesso a cuidados relativos à diabetes, em todo o continente.

Vamos todos unir-nos e fazer a nossa parte para evitar o sofrimento desnecessário e salvar vidas.


Saiba mais:

International Diabetes Federation (IDF) Atlas 10th edition 2021

Third round of the national pulse survey on continuity of essential health services during the COVID-19 pandemic: November - December 2021

The WHO Global Diabetes Compact

WHO prioritizes access to diabetes and cancer treatments in new Essential Medicines Lists

Mbanya, JC. Mba, CM. Centenary of the discovery of insulin: People with diabetes in Africa still have poor access to insulin, E Clinical Medicine, The Lancet, 1 April 2021

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