Dia Mundial contra a Hepatite 2025

Mensagem do Director Regional da OMS para a África, Dr. Mohamed Janabi

Hoje, no Dia Mundial contra a Hepatite, voltamos a nossa atenção para uma crise que continua a ser perigosamente sub-reconhecida: a carga constante de casos de hepatite viral em todo o continente africano. O tema deste ano, Hepatitis: Let's Break It Down [Hepatite, vamos quebrá-la], desafia-nos a desmantelar as muitas barreiras - médicas, estruturais e sociais - que impedem milhões de pessoas de aceder aos cuidados de que necessitam.

Actualmente, mais de 70 milhões de pessoas na Região Africana da Organização Mundial da Saúde (OMS) vivem com hepatite crónica B ou C. Cada estatística é uma pessoa cujo futuro está ameaçado por uma doença que pode ser prevenida e tratada.

No entanto, menos de uma em cada dez pessoas foram diagnosticadas ou estão a receber tratamento.

A nossa região suporta uma carga desproporcionada. Representamos 63% de todas as novas infecções por hepatite B a nível mundial, um reflexo de desigualdades profundas e persistentes no acesso à vacinação, aos testes e ao tratamento. Demasiadas pessoas continuam a enfrentar o estigma, a desinformação e as oportunidades adiadas ou perdidas de prevenção e cuidados.

Quando não é controlada, a hepatite viral conduz ao cancro do fígado, à insuficiência hepática e à morte prematura, resultados devastadores que podemos e devemos evitar.

Sabemos que o progresso é possível. Em 2024, a Namíbia obteve a certificação de nível prata da OMS por eliminar a transmissão vertical da hepatite B, juntando-se assim a um pequeno mas crescente número de países que estão a tomar medidas decisivas. Isto significa que milhares de mães têm agora a garantia de que os seus bebés começam a vida protegidos. É uma poderosa chamada de atenção para o facto de que, com empenho político, investimento e inovação, a mudança está ao nosso alcance.

Em toda a região, mais países integram agora os serviços de hepatite nos programas de VIH, de saúde materna e de cuidados de saúde primários. Os agentes comunitários de saúde estão a chegar às famílias com informação e apoio. E as campanhas nacionais estão a ajudar a reduzir o estigma e a aumentar a sensibilização.

Enquanto OMS, orgulhamo-nos do apoio que damos a estes esforços. Estamos a trabalhar com os países para aumentar o acesso a testes e a tratamentos antivirais a preços acessíveis, para introduzir a vacina contra a hepatite B em doses para recém-nascidos, e para reforçar os cuidados de saúde primários de modo a que ninguém fique para trás.

Mas temos de ir mais longe e mais depressa.

Para combater eficazmente a hepatite na Região Africana, temos de

•    garantir que todas as crianças recebem a dose de hepatite B à nascença, idealmente no prazo de 24 horas após o nascimento;

•    integrar o teste e o tratamento da hepatite nos cuidados de saúde primários de rotina;

•    garantir um financiamento interno sustentável para apoiar os planos nacionais de combate à hepatite;

•    combater o estigma e a desinformação através da educação pública e do envolvimento da comunidade; e

•    proteger as pessoas que vivem com hepatite contra a discriminação nos cuidados de saúde, no emprego e na sociedade.

Os governos têm um papel central a desempenhar. É tempo de dar prioridade à eliminação da hepatite nas agendas nacionais de saúde, e de pôr em prática as políticas e os sistemas necessários para prestar os cuidados correspondentes. Apelamos igualmente aos parceiros internacionais para que reforcem o seu apoio, de modo a que todos os países possam ter acesso às ferramentas, tecnologias e tratamentos necessários para acabar com esta epidemia.

Neste Dia Mundial contra a Hepatite, lembremo-nos de que por detrás de cada número está um nome, por detrás de cada desafio está uma oportunidade e por detrás de cada barreira está o potencial de mudança. Temos os conhecimentos. Temos as ferramentas. O que nos falta agora é a vontade.

Juntos, podemos acabar com a hepatite e construir um futuro mais saudável e com mais esperança para todos os africanos.


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