Dia Internacional do Idoso, 2020

Mensagem da Dr.a Matshidiso Moeti, Directora Regional da OMS para a África

O Dia Internacional do Idoso é uma celebração anual dos cidadãos de terceira idade em todo o mundo e a ocasião de fazer um balanço das oportunidades e desafios relacionados com o envelhecimento da população com vista a garantir que as sociedades estão adaptadas a todas as idades.

Para além do amor e cuidado que nos proporcionam, os idosos são uma fonte de sabedoria e experiência que influencia quem somos e quem aspiramos a ser. Todos nós temos o dever de zelar pelo cumprimentos dos direitos das pessoas idosas e garantir que vivem com dignidade.

O tema escolhido para este ano é “As pandemias mudam a forma como encaramos a idade e o envelhecimento?”. De facto, sabemos que as pessoas idosas correm um risco mais elevado de desenvolver doenças graves e morrer de COVID-19. Na Região Africana, mais de 17 000 pessoas com mais de 60 anos perderam a vida devido à COVID-19, o que representa mais de 50% das mortes por COVID-19 na Região.

Para luta contra o fardo desproporcional da COVID-19 na população idosa, todos devemos desempenhar um papel na sua protecção ao adoptar, nomeadamente, medidas de prevenção, como o uso de máscara, o cumprimento do distanciamento físico e a lavagem frequente das mãos.

A continuidade dos outros serviços essenciais para as pessoas idosas também é importante. Muitos países africanos estão a autorizar a prescrição de receitas com validade de vários meses a pessoas com doenças crónicas para reduzir a frequência das visitas às unidades de saúde. Em alguns países, como na Maurícia, os profissionais de saúde deslocam-se à casa das pessoas idosas para garantir a prestação de serviços de saúde essenciais, como a administração da vacina contra a gripe sazonal.

A imposição de restrições à circulação e ajuntamento de pessoas trouxe outras preocupações, como o isolamento social dos idosos. No entanto, é possível mitigar este problema ao manter o contacto por telefone com os membros mais velhos da nossa família, ao prestar assistência às pessoas idosas nas nossas comunidades ou ao fazer-lhes companhia.

Durante a actual pandemia de COVID-19, as pessoas idosas também demonstraram empenho contínuo. Um exemplo disso são os profissionais de saúde reformados que regressaram ao trabalho para proteger as suas comunidades.

De um ponto de vista geral, a esperança média de vida tem vindo a aumentar em África. Existem cerca de 54 milhões de pessoas com mais de 60 anos na África Subsariana, o que representa 5% da população idosa a nível mundial. Estima-se que a população de pessoas idosas na África Subsariana venha a atingir os 67 milhões até 2025 e os 163 milhões até 2050.

Tendo em conta os profundos impactos sociais e económicos do envelhecimento da população a nível mundial, 2020 foi designado como o início da Década do Envelhecimento Saudável. Trata-se de uma oportunidade para promover vidas mais longas e saudáveis, bem como para combater a discriminação baseada na idade e reforçar a autonomia dos idosos, nomeadamente através da criação de sistemas sociais e de saúde resilientes que incorporem as necessidades dos idosos.

Os principais desafios enfrentados na Região Africana incluem a falta de sistemas abrangentes capazes de prestar cuidados de longa duração, a fraca cobertura dos regimes de protecção social e a insuficiência de dados para nortear as intervenções políticas.

Ao mesmo tempo, alguns países estão a fazer progressos significativos. O Gana, por exemplo, teve em conta as necessidades das pessoas idosas ao elaborar o seu regime nacional de seguro de saúde e a sua lista de medicamentos essenciais. Os dados recolhidos também permitem à Autoridade Nacional de Seguro de Saúde rever e ajustar as políticas que regulam o regime para atender às necessidades das pessoas idosas.

A OMS está a colaborar com 40 países africanos para reforçar a capacidade de prestação de cuidados integrados às pessoas idosas, uma abordagem centrada nos cuidados de base comunitária, na detecção e gestão precoce do declínio das capacidades físicas e mentais, e no apoio aos cuidadores familiares. Em conformidade com a Estratégia e plano de acção mundiais sobre o envelhecimento e a saúde 2016–2020, 23 países africanos dispõem agora de políticas e planos estratégicos multissectoriais para o envelhecimento saudável.[1]

No futuro, iremos dar maior ênfase aos cuidados integrados e centrados nas pessoas na Região Africana, de modo a dar resposta às necessidades de diferentes subgrupos populacionais, incluindo os idosos.

Por fim, gostaria de prestar homenagem aos nossos idosos, isto é, aos patriarcas das nossas famílias e aos nossos mentores, bem como aos profissionais de saúde e membros mais velhos das nossas comunidades, e agradecer-lhes pela sua sabedoria e pelo papel que desempenham na melhoria das nossas sociedades. 

Saiba mais:


[1]Argélia, Benim, Burquina Faso, Botsuana, Cabo Verde, Camarões, Congo, Côte d’Ivoire, Eritreia, Etiópia, Gabão, Gâmbia, Gana, Madagáscar, Maurícia, Níger, Nigéria, Moçambique, República Unida da Tanzânia, Ruanda, Senegal, Zâmbia e Zimbabué.