Fé, Confiança e Vacinas: Como os Líderes Comunitários Estão a Proteger as Crianças contra a Pólio em Angola

Fé, Confiança e Vacinas: Como os Líderes Comunitários Estão a Proteger as Crianças contra a Pólio em Angola

Com a cajada na mão e a voz firme de quem tem uma missão, o reverendo Manuel Miranda, líder da Igreja União Prófetica dos Anjos no Camama, em Luanda, dirige-se a um grupo de pais e mães cépticos em relação à nova campanha de vacinação contra a pólio. "Reverendo, não compreendemos a razão de mais uma campanha. Muitas vacinas não farão mal aos nossos filhos?”, questiona um dos pais. Com serenidade, o pastor responde: “A vacina é protecção, não uma ameaça. A pólio pode paralisar uma criança para o resto da vida. Vacinar é um acto de amor e responsabilidade".

João Diniz é mais do que um líder religioso. Há mais de dois anos que actua como mobilizador comunitário, comprometido com a saúde pública e a protecção das crianças angolanas. A sua voz ecoa em igrejas, centros de cura tradicional e encontros comunitários, onde difunde mensagens de confiança e de prevenção.

As comunidades angolanas têm sido aliadas fundamentais na luta contra doenças que podem ser prevenidas através da vacinação. Graças ao esforço conjunto do Governo de Angola, da OMS, do UNICEF, de parceiros internacionais e de milhares de voluntários locais, o país foi declarado como livre da circulação de poliovírus selvagem em 2015. No entanto, em 2025, Angola enfrenta um surto de poliovírus tipo 2, tendo sido confirmados 14 casos em quatro províncias.

Para conter a propagação, o país lançou uma campanha nacional de vacinação com o objectivo de imunizar mais de 6,9 milhões de crianças com menos de cinco anos. A mobilização comunitária está no cerne desta resposta. Líderes religiosos, terapeutas tradicionais e agentes comunitários de saúde desempenham um papel essencial na difusão de mensagens de saúde pública.

Para fortalecer esta rede, o Ministério da Saúde, com o apoio da OMS e de outros parceiros, implementou uma estratégia multissectorial que inclui formação contínua, materiais educativos, apoio logístico, comunicação em línguas locais e subsídios alimentares. Esta abordagem tem sido fundamental para combater rumores, medos pós-vacinais e desinformação, factores que alimentam a recusa vacinal em algumas comunidades.

"A participação activa das comunidades é um pilar essencial para o sucesso do programa de erradicação da pólio em Angola", afirma o Dr. José Chivale, coordenador da equipa da OMS responsável pela luta contra a pólio no país. 

"Apesar do forte envolvimento comunitário, continuamos a enfrentar desafios relacionados com a recusa da vacinação. Crenças religiosas, falta de informação, receios quanto a efeitos secundários e desconfiança nas instituições dificultam a adesão plena. Por isso, o papel dos líderes comunitários é fundamental: são eles que, pela sua proximidade e credibilidade, conseguem envolver as famílias, esclarecer dúvidas e garantir que todas as crianças são protegidas."

Em Angola, onde o acesso a médicos de família é limitado, os líderes comunitários e os agentes de saúde representam a saúde pública. Identificam casos suspeitos de paralisia flácida aguda (PFA), notificam as autoridades sanitárias e asseguram que as famílias recebam apoio e informação adequados.

Segundo a Dra. Maria Martins, responsável pela promoção da saúde em Luanda, "sem a comunidade, a saúde não chega a todos. São os líderes locais que conhecem a realidade e nos ajudam a adaptar as respostas às diversidades culturais e sociais".

A primeira ronda da campanha nacional de vacinação decorrerá entre 15 e 17 de Agosto, com o apoio da Iniciativa Global de Erradicação da Pólio (GPEI). A operação inclui a aquisição de vacinas, um planeamento detalhado, a mobilização da comunidade, a formação e a supervisão das equipas de vacinação.

A pólio é uma doença grave que causa paralisia e pode ser totalmente prevenida através da vacinação. A sua erradicação é um compromisso nacional e global. Em Angola, onde decorre a preparação para a primeira ronda da campanha de vacinação, estão a ser intensificados os esforços para garantir a participação activa de doadores, profissionais de saúde e famílias, de modo a realizar uma campanha de sucesso e a proteger todas as crianças, garantindo assim um futuro sem pólio no país.

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Olívio Gambo

Oficial de Comunicação
Escritório da OMS em Angola
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