Comunicação que salva vidas: Um apelo à ação em Angola

Comunicação que salva vidas: Um apelo à ação em Angola

Este artigo foi publicado pela primeira vez no Jornal de Angola, cuja versão pode ser encontrada aqui: https://www.jornaldeangola.ao/noticias/9/opini%C3%A3o/644879/comunica%C3%A7%C3%A3o-que-salva-vidas:-um-apelo-%C3%A0-ac%C3%A7%C3%A3o-em-angola

 

Por Olívio Gambo, Oficial de Comunicção da OMS em Angola

Imagine uma Angola onde todos os cidadãos, dos mais novos aos mais idosos, têm acesso a informações claras, fidedignas e úteis sobre como cuidar da sua saúde. Um país onde as comunidades se unem para prevenir doenças, promover hábitos saudáveis e apoiar-se mutuamente nos momentos difíceis. Um país em que a comunicação sobre saúde não é apenas uma resposta a crises, mas uma prática diária que promove o bem-estar de todos. Esta Angola é possível e começa com a forma como comunicamos.

A comunicação para a saúde é muito mais do que uma ferramenta técnica. É uma ponte entre o conhecimento e a acção, entre os sistemas de saúde e as pessoas, entre o medo e a esperança. Durante a pandemia da COVID-19, aprendemos que a informação correcta no momento oportuno pode salvar vidas. No entanto, também vimos que o silêncio, os rumores e a desinformação podem ter consequências graves.

E se cada estação de rádio, cada página do Facebook, cada grupo do WhatsApp e cada conversa entre vizinhos fossem uma oportunidade para partilhar conhecimentos, combater mitos e inspirar mudanças positivas? Hoje, mais do que nunca, a comunicação é essencial para transformar realidades e salvar vidas.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a comunicação na área da saúde seja contínua, baseada em dados concretos, culturalmente sensível e centrada nas pessoas. Países como o Senegal, o Vietname e o Brasil demonstram que as redes colaborativas de comunicadores, que incluem jornalistas, líderes comunitários, influenciadores digitais, terapeutas tradicionais e profissionais de saúde, podem transformar a forma como as populações se relacionam com a saúde pública. Em vez de esperarem por crises, estes países investem numa comunicação preventiva, educativa e participativa.

Em Angola, dispomos de uma base sólida para transformar a comunicação na área da saúde numa prática eficaz e estratégica. Contamos com rádios locais, canais de televisão, jornais, telemóveis, redes sociais, líderes religiosos e comunitários, e jovens criativos com uma forte presença digital. Além disso, o país já tem um historial de campanhas de comunicação para a saúde de sucesso, como as campanhas de vacinação e as respostas coordenadas a emergências sanitárias. O desafio actual consiste em reforçar e institucionalizar a comunicação como uma prática contínua, estruturada e integrada, capaz de apoiar a prevenção de doenças, a promoção de comportamentos saudáveis e a protecção da saúde da população.

A 20 de Agosto, o Ministério da Saúde, com o apoio da OMS, do UNICEF e da União Europeia, dará um passo importante ao reunir profissionais de comunicação social no CEFOJOR para uma acção de formação que visa lançar a Rede de Comunicadores para a Saúde em Angola. Esta rede será um espaço de colaboração e acção conjunta destinado a garantir que a comunicação se torne uma aliada permanente da saúde pública.

No entanto, esta missão não é apenas dos comunicadores. Como podemos contribuir? a) Partilhe informações correctas com a sua família e vizinhos; b) Verifique as fontes antes de reenviar mensagens nas redes sociais; c) Apoie campanhas de saúde na sua comunidade; e d) Use a sua voz, seja como líder, jornalista, influencer, professor ou cidadão, para promover comportamentos saudáveis.

Para que a comunicação na área da saúde seja eficaz, deve estar presente em todos os níveis da sociedade. O Governo pode investir em campanhas sustentadas e na formação contínua de comunicadores institucionais e comunitários. As escolas podem incluir a educação para a saúde nos seus currículos. As famílias e as igrejas podem ser espaços de diálogo e partilha de informação fidedigna.

Em Angola, dispomos de todos os elementos necessários para transformar a comunicação numa verdadeira força de mudança, não como uma acção pontual ou apenas reactiva, mas como uma práctica contínua, estratégica e integrada nos sistemas de saúde. Dispomos de uma diversidade de meios de comunicação, criatividade local, vontade de mudança e parceiros comprometidos. O que precisamos agora é de reforçar o compromisso político e cívico, unir esforços, valorizar a colaboração e acreditar no poder da palavra, da escrita e da imagem como instrumentos para promover a saúde, salvar vidas e fortalecer o bem-estar colectivo.

Junte-se ao movimento que coloca a comunicação ao serviço da saúde e do bem-estar de todos. Porque comunicar é cuidar. E cuidar é transformar. Angola precisa de todos nós. 

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Olívio Gambo

Oficial de Comunicação
Escritório da OMS em Angola
gamboo [at] who.int (gamboo[at]who[dot]int)
T: +244 923 61 48 57