Num gesto de solidariedade e empenho na protecção da população face à emergência de cólera, o Banco de Fomento Angola (BFA) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) formalizaram hoje uma parceria estratégica para apoiar a resposta nacional ao surto que afecta milhares de famílias em Angola.

A cerimónia de assinatura do acordo de financiamento, que decorreu em Luanda, realçou a contribuição generosa do BFA no valor de 30 000 000 de kwanzas, destinada à aquisição de materiais médicos essenciais, nomeadamente soluções de reidratação, camas especializadas, pulverizadores, tendas e caixas de segurança.

Com o apoio técnico da OMS, estes materiais serão entregues ao Ministério da Saúde, a fim de reforçar os centros de tratamento e apoiar os profissionais de saúde nas regiões mais afectadas pelo surto.

“Agradecemos profundamente esta contribuição generosa do BFA, que permitirá o acesso ao tratamento daqueles que mais precisam e ajudará a salvar vidas. Trata-se de um exemplo louvável de como o sector privado pode desempenhar um papel vital na promoção da saúde e do bem-estar”, afirmou o Dr. Indrajit Hazarika, Representante da OMS em Angola.

Desde Janeiro de 2025, Angola enfrenta o seu pior surto de cólera em duas décadas, com cerca de 29 000 casos e mais de 800 mortes registadas em 18 das 21 províncias. A taxa de letalidade actualmente de 2,8% ultrapassa o limite de emergência definido pela OMS, reflectindo desafios persistentes como o acesso tardio aos cuidados de saúde, limitações na vigilância epidemiológica e infraestruturas sanitárias precárias.

Apesar dos esforços contínuos do Ministério da Saúde, com o apoio da OMS, e de outros parceiros, que incluem campanhas de vacinação que já alcançaram cerca de três milhões de pessoas, bem como a instalação de centros de tratamento e pontos de reidratação oral, o risco de transmissão da cólera permanece elevado. Este risco é agravado pela chegada da época das chuvas, que se soma ao acesso limitado e persistente à água potável e às precárias condições de higiene e saneamento.

Este cenário exige mais do que soluções pontuais. É necessário um investimento contínuo e estratégico no fortalecimento do sistema de saúde, com foco na expansão da cobertura dos cuidados de saúde primários e de emergência, na melhoria da infraestrutura de água, saneamento e higiene (WASH), na formação técnica dos profissionais de saúde em todos os níveis e no fortalecimento da vigilância epidemiológica e da comunicação de risco.

Para a OMS, cada doação é uma ponte entre a emergência e a resiliência. Cada parceria representa uma oportunidade para construir um sistema de saúde mais robusto, mais equitativo e mais apto a proteger todos os angolanos, hoje e no futuro.