Apoio da comunidade impulsiona a resposta à cólera em Angola
Luanda — No coração da Boa Vista, um bairro da capital de Angola, Luanda, Maria Teresa da Silva, de 48 anos, mãe de três filhos, está a unir-se a outros membros da comunidade para alertar sobre o actual surto de cólera. Quando os primeiros casos foram registados na sua comunidade, em meados de Janeiro de 2025, Maria Teresa juntou-se a um grupo de mulheres preocupadas e ansiosas por contribuir para a resposta.
Com o apoio das autoridades locais, começaram a educar os vizinhos, a distribuir produtos de higiene e a promover práticas de prevenção da doença. “Vivemos numa comunidade”, afirma. “Temos de arranjar tempo e apoiar-nos mutuamente para proteger a nossa saúde e salvar vidas.”
O envolvimento da comunidade neste bairro urbano de baixo rendimento ajudou a travar o surto: não foram registados novos casos de cólera durante quatro semanas consecutivas desde 19 de Maio.
"No início, muitas famílias não procuravam os serviços de saúde. A falta de informação foi o maior desafio", afirma Mika Kaquesse, administradora municipal da Ingombota. As autoridades locais organizaram 800 sessões de sensibilização da comunidade, construíram tanques de água, distribuíram produtos de higiene e implementaram campanhas de sensibilização sobre saneamento básico.
"No início foi assustador, mas o trabalho de equipa e o apoio dos parceiros fizeram toda a diferença. Sabemos que a prevenção é fundamental no controlo da cólera: água potável, saneamento e informação", afirma a Dra. Genoveva Mafu, coordenadora clínica do centro de tratamento da cólera da Boa Vista.
O Ministério da Saúde de Angola, com o apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS), formou mais de 8000 mobilizadores comunitários para apoiar a resposta e cerca de 4450 líderes comunitários na detecção precoce, preparação de soluções de reidratação oral e tratamento de água para uso doméstico.
As autoridades sanitárias realizaram campanhas de sensibilização com líderes comunitários e religiosos, bem como sessões de auscultação da comunidade, e colaboraram com vários sectores, nomeadamente ambiente, pescas, água e energia, juventude e forças armadas, para garantir uma resposta coordenada e culturalmente adequada. Como resultado, mais de 8 milhões de pessoas foram alcançadas com mensagens chave sobre a prevenção da cólera.
“As actividades baseadas na comunidade aumentaram a confiança da população nos serviços de saúde e reforçaram a vigilância epidemiológica local”, afirma Mateus Mariano Miguel, presidente da Comissão de Moradores da Boa Vista. "A comunidade respondeu de forma massiva. Continuamos a trabalhar, mesmo sem novos casos, porque sabemos que a prevenção nunca deve parar."
As autoridades sanitárias também formaram 1000 profissionais de saúde e activaram quase 140 equipas de vigilância, responsáveis pela gestão de casos, detecção activa de casos e prevenção e controlo de infeções. A nível nacional, foram destacadas 166 equipas de resposta rápida e criados 180 centros de tratamento da cólera para gerir e tratar os casos.
Em pouco mais de cinco meses, foram registados mais de 26 000 casos e quase 750 mortes em Angola. Trata-se do pior surto de cólera registado no país em quase duas décadas. Graças a uma abordagem multissectorial e multifacetada, as duas últimas semanas revelaram tendências encorajadoras. Desde 14 de Junho de 2025, o número de novos casos semanais desceu para 826, o valor mais baixo desde Março. Outrossim, as mortes semanais diminuíram para os níveis mais baixos desde o início do ano e a taxa de mortalidade semanal diminuiu para 1,5%, contra um máximo de 8,8% em Janeiro de 2025.
"Embora a situação continue a ser grave, estas melhorias demonstram o impacto da resposta em curso e dão esperança de que o surto possa ser controlado em breve. Temos de continuar a reforçar a colaboração, porque quando as comunidades estão capacitadas e envolvidas, é possível salvar vidas e restaurar a dignidade", afirma o Dr. Indrajit Hazarika, Representante da OMS em Angola.
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