Angola junta-se ao apelo global para colocar a segurança dos recém-nascidos e crianças no centro dos sistemas de saúde
Quando tinha apenas 9 anos, Rossana Francisco perdeu a mãe, enfermeira de profissão. Foi um momento doloroso que mudou para sempre a sua vida. Naquele dia, prometeu que seguiria os passos da mãe e dedicaria a sua vida a cuidar dos outros.
Hoje, aos 26 anos, Rossana está a concluir o curso de Enfermagem na Universidade Privada de Angola (UPRA). Depois de cinco anos de dedicação aos estudos, está atualmente a estagiar no serviço de ginecologia e obstetrícia do Hospital Geral de Luanda. “Sinto-me realizada quando assisto a um parto e ajudo a garantir que os recém-nascidos recebam os primeiros cuidados”, partilha.
Foi na universidade que ouviu falar da Roda de Saúde, uma iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Angola em parceria com a UPRA que aproxima decisores, especialistas e o público para debater desafios e soluções para questões de saúde. Ao participar na terceira edição, Rossana viu a oportunidade de aprofundar os seus conhecimentos sobre segurança do paciente, com foco em recém-nascidos e crianças.
O encontro foi realizado sob o lema “Segurança do paciente desde o nascimento!”, com o objectivo de mobilizar profissionais de saúde, famílias, educadores e sociedade civil para reduzir riscos e prevenir danos evitáveis no cuidado pediátrico.
“Cada criança tem direito a nascer e crescer em segurança. Garantir cuidados pediátricos livres de erros não é apenas uma prioridade clínica, mas um compromisso social e humano”, destacou a Dra. Natércia de Almeida, Oficial de Saúde Sexual Reprodutiva, Materna, Neonatal, Infantil, Adolescente e Nutrição da OMS em Angola.
Durante o debate, foram discutidos desafios como a escassez de recursos, a sobrecarga dos serviços e a necessidade de reforçar a formação contínua dos profissionais de saúde. Também foram partilhadas boas práticas, desde protocolos de segurança em unidades neonatais até ao envolvimento activo de pais e cuidadores.
Rossana saiu do encontro mais confiante e pronta para aplicar os conhecimentos adquiridos: “Aprendi que segurança não é apenas evitar erros. É também ouvir os pais, envolver as famílias e garantir que cada criança receba atenção digna e humanizada.”
A experiência de jovens como a Rossana mostra o impacto da Roda de Saúde que é, além de um espaço de debate, uma ferramenta prática para fortalecer competências e preparar a próxima geração de profissionais que vão proteger vidas desde o nascimento.
Com esta terceira edição, a iniciativa reafirma o seu papel de ponte entre especialistas, instituições e cidadãos, alinhando Angola ao apelo global da OMS de colocar a segurança dos recém-nascidos e crianças no centro dos sistemas de saúde como parte do caminho para alcançar o Objectivo de Desenvolvimento Sustentável número 3 - Saúde e Bem-Estar para Todos.