Mensagem da Directora Regional da OMS para a África, Dr.ª Matshidiso Moeti, por ocasião do Dia Mundial contra a Hepatite 2017

A  28 de Julho de 2017, o mundo comemora o Dia Mundial contra a Hepatite, chamando a atenção para esse problema de saúde pública. Este ano, a efeméride tem por tema: "Eliminar a Hepatite" e exorta os países assim como as comunidades a acelerarem o passo para se atingir a meta da eliminação da hepatite viral até 2030.

Existem cinco tipos de vírus responsáveis pela maioria dos casos de hepatite viral, que é uma inflamação do fígado decorrente de uma infecção viral. Trata-se do vírus da hepatite A (VHA), do vírus da hepatite B (VHB), do vírus da hepatite C (VHC), do vírus da hepatite D (VHD) e do vírus da hepatite E (VHE). Qualquer um destes vírus pode causar hepatite aguda, mas apenas o VHB e o VHC provocam frequentemente hepatite crónica, podendo por sua vez levar à fibrose hepática (cirrose) e ao cancro primário do fígado. O VHB e o VHC ocasionam 96% das mortes devido   a hepatite viral que ocorrem no mundo. A epidemia provocada pelo VHB afecta principalmente as Regiões  Áfricana  e o Pacífico Ocidental da OMS.

A hepatite viral é um grave problema de saúde à escala mundial, que requer uma resposta urgente. O primeiro Relatório Mundial sobre a Hepatite, produzido pela Organização Mundial da Saúde em 2017, mostra que, em finais de 2015, aproximadamente 325 milhões de pessoas viviam com uma infecção crónica devida ao vírus da hepatite B ou da hepatite C. Destas, cerca de 70 milhões encontravam-se na Região Africana.  So em 2015, estima-se que a doença tenha causado mais de 136 mil óbitos na Região.

Infelizmente, na Região Africana,  a maioria das pessoas que padecem de uma hepatite viral crónica não estão sequer conscientes do seu estado e, pouquíssimas são as que  têm acesso à despistagem e ao tratamento.. O relatório de 2017 mostrou que somente 9% das pessoas infectadas com o VHB e 20% com o VHC foram submetidas a testes e diagnosticadas. Entre as pessoas  que foram  diagnosticadas com infecção pelo VHB, 8% encontravam-se em tratamento, enquanto que  7% daquelas diagnosticadas com infecção pelo VHC tinham começado o tratamento em 2015.

É possível eliminar a hepatite viral. A administração generalizada da vacina em bebés reduziu consideravelmente a incidência de novas infecções crónicas de VHB. Outras medidas incluem a prevenção da transmissão materno-infantil da hepatite B, o que inclui a dose de vacina à nascença, o abastecimento seguro de sangue, a melhoria da segurança das injecções nos estabelecimentos de saúde, a introdução de serviços abrangentes de redução dos danos para prevenir a transmissão da hepatite B e  C entre consumidores de drogas injectáveis e a abrangência do tratamento contra as hepatites B e C. Além disso, garantir um alto nível de saneamento e o acesso a alimentos e água em boas condições de salubridade constituem medidas eficazes para prevenir e controlar epidemias pelo vírus da hepatite A e da hepatite E.

A Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável convoca a comunidade internacional a lutar contra a hepatite e recomenda abordagens inclusivas que promovam a equidade e a Cobertura Universal  Sanitária para que ninguém fique para trás. Em Maio de 2016, a OMS apresentou à Assembleia Mundial da Saúde a primeira Estratégia Mundial da OMS para o Sector da Saúde sobre a Hepatite Viral cujo fulcro é a eliminação. Em Agosto do mesmo ano, os Estados-Membros da Região Africana adoptaram um quadro de acção (2016-2020) para ajudar os países a pôr em prática a estratégia mundial.

Por ocasião deste Dia Mundial contra a Hepatite, insto todos os Estados-Membros a reforçarem os seus programas nacionais, introduzindo serviços dedicados à hepatite através de uma abordagem de saúde pública que beneficie a todos e aumente rapidamente os serviços de despistagem e de tratamento. Apelo ao público em geral para se informar acerca da hepatite viral, para procurar os testes de despistagem relativos à hepatite viral e para se inteirar se necessita de tratamento.

Convido os parceiros internacionais, a sociedade civil e o sector privado a apoiarem a resposta regional à hepatite, apostando na sensibilização, promovendo a causa em prol de investimentos adequados e trabalhando com os Estados-Membros para implementar intervenções fundamentais em termos de prevenção e de tratamento.

Pelo seu lado, a OMS continuará a apoiar os Estados-Membros na implementação da estratégia contra a hepatite visando a eliminação deste problema de saúde pública na Região Africana.

Trabalhando juntos, conseguiremos atingir o objectivo da eliminação da hepatite viral até 2030.