A gestão de dados reforça a vacinação contra a COVID-19 em Moçambique

Lichinga, Moçambique – Na província de Niassa, no norte de Moçambique, os profissionais de saúde receberam formação em gestão de dados para garantir uma administração eficaz da vacina contra a COVID-19. A formação ministrada pela Organização Mundial da Saúde, com o apoio da Direcção-Geral das Operações de  Protecção Civil e Ajuda Humanitária (o fundo ECHO) da Comissão da União Europeia , está a ajudar a garantir que todas os indivíduos elegíveis em locais de difícil acesso recebem a vacina.

WHO/Alexia Dickinson
Celio Marcelino começa a o dia de trabalho cedo no Centro de Saúde do Distrito de Lichinga. Está a introduzir dados dos livros de registo de vacinas no Sistema nacional de Informação de Sanitária para Monitorização e Avaliação. Celio foi um dos profissionais de saúde formado na gestão de dados.
“Ficamos muito animados com isso. Estudei estatísticas, por isso, na minha opinião os dados de qualidade são muito importantes", afirmou. “Graças à formação, é mais fácil garantir que estamos a cobrir todos com a campanha, mesmo a grupos vulneráveis. Podemos iniciar sessão na plataforma e aceder aos dados sem ter de passar por registos em papel. Está tudo disponível numa só plataforma. A nossa comunicação melhorou muito”.

Para o Dr. Carlos Funzamo, responsável técnico da OMS para o projecto ECHO em Moçambique, a formação foi útil. “Não esperávamos que os profissionais de saúde reagissem tão bem. No terreno administra-se a vacina, mas é difícil avaliar a evolução. Agora é possível se aceder aos dados de forma imediata. ‘É possível ver o que está a ser feito’ afirmaram. Ficaram muito felizes em visualizar o trabalho feito”, constatou o Dr Funzamo.

A OMS formou, desde Maio de 2022, mais de 165 técnicos de estatística, gestores de dados, pontos focais, responsáveis pelo Programa Alargado de Vacinação e responsáveis distritais em quatro províncias. “Os profissionais de saúde que lidam com os dados não exclusivamente com a COVID-19, mas também na luta contra o paludismo, a tuberculose, a poliomielite... As competências são transferíveis. Graças ao ECHO, podemos reforçar todo o sistema de saúde”, afirma o Dr. Funzamo.
Marcelino chega ao centro de saúde da Ceramica munido do seu tablet para a introdução dos dados. “Esta é uma fonte primária de dados. Estou a apoiar um colega no primeiro dia desta ronda de vacinação contra a COVID-19", afirma. Com 40,8% dos adultos totalmente vacinados, os esforços a nível nacional visam agora alcançar os jovens com menos de 18 anos.
Berta Clara Jaime, enfermeira residente do centro de saúde de Ceramica, anota informações dos boletins de vacinação, enquanto Marcelino regista dados do livro de registo para plataforma online, cruzando informações com os bilhetes de identidade dos utentes.
«Moçambique poderá enfrentar uma quinta vaga da Covid-19, portanto continuo a encorajar as pessoas a adoptarem medidas como o uso de máscaras, lavagem das mãos e o distanciamento social», rematou Jaime.

Olhando para a crescente fila de espera lá fora, Marcelino despede da sua equipa, “Coragem a todos!”
O técnico de estatística dirige-se para Malika, um campo para deslocados internos que fica cerca de 15 km de Lichinga.
O campo acolhe pessoas que fugiram da província de Cabo Delgado, onde grupos armados obrigaram mais de 800 000 pessoas a abandonar as suas casas desde 2017. Só a província do Niassa acolhe mais de 40 000 deslocados devido ao conflito, sendo a maioria mulheres e crianças.
Um dos principais objectivos do fundo ECHO é a melhoria do acesso à vacinação contra a COVID-19 junto dos mais vulneráveis e das pessoas que se encontram em zonas afectadas por conflitos ou catástrofes naturais.

A Dr.ª Kiamuangana Nkongolo, Consultora Técnica da OMS, estava no terreno quando a tempestade tropical Ana atingiu uma região próxima no início de 2022. “De repente muito ficaram sem tecto. Abrigos de emergência servem aqueles que vivem nas proximidades, garantindo água e saneamento limitados. Isto aumentou os ricos associados à COVID-19”, diz Nkongolo. “Graças ao ECHO e à Organização Mundial da Saúde, conseguimos dar prioridade a estes grupos, criar postos de saúde e vacinar rapidamente.”
O campo de Malika carece de instalações sanitárias adequadas e máscaras de proteção. Os moradores podem desenvolver comorbilidades devido a cuidados de saúde limitados. Entre as tendas e cozinhas ao ar livre, é possível ver construtores a construir mais casas de tijolos permanentes em antecipação a um conflito prolongado em Cabo Delgado.
Quando Marcelino chega a Mallika, um posto de vacinação improvisado é montado nas imediações de uma cozinha feita de chapas de zinco. Pertence a Julieta José, que fugiu de Cabo Delgado, a uns 500 km de distância. “Viemos há alguns meses com meu marido e meu filho. Tinha um negócio de venda peixe na praia. Desde que escapei tive dificuldade em encontrar novas formas de ganhar a vida", conta.
José analisa a operação. Já recebeu as três doses, por isso não será vacinada hoje. “Estou muito feliz com a visita da equipa hoje porque algumas pessoas aqui na comunidade nunca foram vacinadas. É a melhor forma de prevenir a COVID-19. Pedi a todos os meus conhecidos para tomarem a vacina”.
Jafarasa Sadat, líder provincial do Programa Alargado de Vacinação, prepara a vacina. "As intervenções sanitárias nos campos para os deslocados internos foram dificeis no início", afirma Sadat. “As pessoas estavam angustiadas por causa da fuga do conflito. Ao longo do tempo, a aceitação dos serviços de saúde melhorou. Hoje, para muitos, esta é a sua primeira dose de vacinação contra a COVID-19.”
À medida que as vacinas chegam a dezenas de pessoas, Marcelino regista dados no sistema informático de registos . "Estou garantindo que todos aqui sejam adicionados aos nossos registros", diz.
Acredita que equipas de vacinação móveis ou “brigadas”, como são habitualmente conhecidas aqui, são a melhor forma de administrar a vacina contra a COVID-19 a grupos desfavorecidos. “As pessoas aqui já passaram por maus bocados. Muitos não têm a opção de aceder a um posto fixo ou centro de saúde fora do campo", acrescenta.
Sadat administra a última dose do dia a Jauado Alifa, um líder comunitário aqui na Malica. Alifa brinca com o facto de esta ser a sua primeira dose apesar de ser mobilizador na campanha. Ele esperou pacientemente para que mães e rapazes mais jovens pudessem ir antes dele.

Alifa nem se quer pestanejou com a picada da agulha, mas irrompe em risos assim que esta sai.
A sua felicidade contagiou equipa quando Marcelino acrescentou: “Enquanto profissionais de saúde, queremos dar moral às pessoas e mostrar que não estão sozinhas. Podem contar connosco”.
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