Angola: «Epidemias criam sobrecarga nos serviços de saúde e comprometem a saúde dos cidadãos», diz o Ministro da Saúde

Angola: «Epidemias criam sobrecarga nos serviços de saúde e comprometem a saúde dos cidadãos», diz o Ministro da Saúde

Luanda, 13 de Fevereiro de 2017 -  O Ministro angolano da Saúde declarou que Angola tem sido um país vulnerável a epidemias, registando surtos que criam uma sobrecarga nos serviços de saúde e comprometem a saúde e a vida dos cidadãos, como a febre amarela, malária, cólera, zika e o VIH/Sida. 

Luis Gomes Sambo fez tais declarações numa conferência de imprensa realizada na passada quarta-feira, dia 8, em Luanda sobre a situação geral de saúde em Angola, com ênfase para o registo de três casos de vírus Zika no mês de Janeiro de 2017  e o registo de 252 casos de cólera desde Dezembro de 2016. Falando cerca de duas horas, o Ministro da Saúde abordou igualmente as perspectivas para a melhoria do desempenho do Sistema de Saúde em Angola, apesar da actual crise que levou à redução do orçamento de estado para a saúde de 8,1% para 4,2%, entre 2009 e 2017.

Luís Sambo iniciou a conferência de imprensa com uma análise optimista dos resultados e indicadores da saúde, destacando vários progressos em áreas como o aumento de recursos humanos qualificados para cobrir as necessidades em todos os municipios, a redução da mortalidade neonatal, infantil e materna, assim como o aumento da esperança de vida à nascença que nos últimos dez anos aumentou de 41 para 61 anos. 

Segundo ele, a mortalidade infantil em Angola baixou de 258 óbitos por mil nados vivos em 1990, para 44/1000 nascidos vivos actualmente e a taxa de mortalidade materna também tem melhorado, com tendências muito postitivas, apesar de os dados actuais (450/1000.000 comparados com os de 1400/100,000 em 2000) ainda não serem satisfatórios.

Dentre os exemplos de sucesso, Luís Sambo realçou também a construção e o equipamento de novas unidades de saúde por todo o país, referindo que Angola possui hoje um total de três mil unidades (incluindo hospitais, postos de saúde e centros de saúde) para uma população estimada em 27,7 milhões de habitantes, sem contar com o contínuo crescimento do sector privado cujo papel é importante para a cobertura das necessidades do país.

Relativamente às actuais epidemias de cólera e de zika, notificadas por Angola, observou que «o país é vulnerável a epidemias»,  por causa de certos determinantes sociais não  abordados suficientemente e que têm um reflexo negativo no estado de saúde das pessoas.  

Confirmou ainda que a epidemia de cólera afecta actualmente três das 18 províncias de Angola, nomeadamente em Cabinda (73 casos e 3 óbitos), Zaire (174 casos e 8 óbitos) e Luanda (5 casos e zero óbitos), com um total de 252 casos e 11 óbitos. Exortou a população e os órgãos do poder a seguirem as recomendações e tomarem as medidas necessárias para prevenir o alastramento da doença. «É preciso dar a conhecer as medidas para evitar a  transmissão da epidemia, incluindo a necessidade de se consumir água potável, e educar a população sobre práticas de prevenção e higiene pessoal», disse ele.

Luis Sambo também confirmou que foi registado um terceiro caso de vírus Zika numa mulher que deu à luz a uma criança com microcefalia na província angolana do Bengo,  no dia 28 de Janeiro de 2017,  e cujo teste de zika foi positivo. Disse que «o ministério da saúde está a reforçar a vigilância epidemiológica, a melhorar a capacidade laboratorial e a desenvolver medidas preventivas», ao mesmo tempo que procura assistência técnica através da colaboração multilateral e bilateral, junto a países como o Brasil».

«Temos enfrentado epidemias que criam uma sobrecarga nos serviços de saúde e comprometem a saúde e a vida dos cidadãos»,  enfatizou ao recordar a última epidemia de febre amarela em Angola com um balanço de 4.436 casos e 384 óbitos e uma taxa de letalidade de 8,3%. Mesmo assim, o país teve «um bom desempenho na resposta a epidemia», rematou ele.

O Ministro da Saúde também chamou à atenção para a epidemia de paludismo de 2016 que classificou de «uma das piores, com mais de 3 milhões de casos em 2015, e mais 4 milhões de casos em 2016. «Foi um drama para o nosso país. Foram tomadas medidas para controlar tanto a epidemia de febre amarela como a epidemia de paludismo», acentuou.

O Dr. Luis Sambo mencionou finalmente a questão do VIH/Sida, referindo que Angola também não foi poupada por esta epidemia. «O vírus do VIH/Sida circula no país e apesar da baixa prevalência, estimada em 2,1%, a sua distribuição varia dentro do país, com provincias mais afectadas do que outras, tais como Cabinda, Cunene, Luanda e Kuando-Kubango. «Angola está a adoptar medidas de prevenção e promoção da saúde para reverter a incidência da infecção por VIH, especialmente entre a juventude que é uma faixa da população mais vulnerável e as mulheres», precisou.

A Representação da OMS em Angola está a prestar assistência técnica ao Ministério da Saúde na resposta aos surtos de cólera e de Zika e a facilitar a coordenação da parceria internacional, incluindo em áreas como a mobilização social e a comunicação de risco. A OMS enviou equipas técnicas para as áreas afectadas com o objectivo de reforçar o controlo de doenças e a recolha de amostras para análises laboratoriais.

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