São Tomé - A sala de conferências do Centro Nacional de Endemias acolheu, entre 7 e 18 de julho de 2025, a ação de formação em Gestão de Distrito de Saúde. A ação de formação intensiva, com a duração de nove dias, foi organizada pelo Ministério da Saúde (MS), com o apoio técnico da Organização Mundial de Saúde (OMS), e teve como objetivo reforçar as capacidades das equipas de gestão dos distritos de saúde. Esta iniciativa resultou de uma avaliação conjunta do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde (2023/2024), que evidenciou lacunas críticas ao nível da liderança, do planeamento e da gestão de recursos a nível local.
"Acreditamos que estruturas fortes e credíveis podem melhorar o nosso sistema de saúde. Líderes fortes, capazes de gerir melhor os fundos e motivar as suas equipas, vão fazer a diferença para alavancar os cuidados de saúde primários. As doenças não transmissíveis estão a diminuir e temos de envidar esforços para a saúde primária e preventiva. Este processo deve começar nos distritos”, disse o ministro da Saúde, Dr. Celso Matos.

Para o Representante da Organização Mundial de Saúde em São Tomé e Príncipe, Dr. Abdoulaye Diarra, o apoio técnico e financeiro do Escritório Regional da OMS para a África, da OMS STP e da OMS Angola evidencia o compromisso dessas instituições em fortalecer a gestão da saúde a nível dos cuidados primários.
"Esta colaboração reflete o nosso compromisso comum de colaborar ativamente no reforço da gestão da saúde, através de abordagens conjuntas adaptadas aos contextos locais. Apenas assim poderemos ter um sistema de saúde capaz de responder às necessidades dos cidadãos, desde o nível de cuidados de saúde primários", destacou Dr. Abdoulaye Diarra.
A formação abrangeu sete áreas-chave: sistema de saúde, cuidados de saúde primários, gestão distrital, liderança, saúde comunitária, planeamento, monitorização e avaliação.

A metodologia, prática e participativa, incluiu estudos de caso, trabalhos de grupo e visitas de estudo. Contou com a participação de 39 profissionais, nomeadamente quatro por distrito na ilha de São Tomé (médicos, incluindo o delegado ou coordenador, enfermeiros e administradores), três da Região Autónoma do Príncipe (RAP) e técnicos centrais dos departamentos de Reforço do Sistema de Saúde (RSS), de Sistema de Informação de Saúde (SIS) e de Gabinete de Estudos e Planeamento (GEP). Foram certificados 35 participantes.

Segundo a Dra. Manuela Ferreira, médica delegada de saúde no distrito de Cantagalo, esta formação proporcionou-lhe as ferramentas necessárias para melhorar o seu trabalho em Cantagalo. "Esta foi a primeira formação deste tipo e saímos daqui com melhores ferramentas para gerir os nossos distritos com os recursos de que dispomos", afirmou.

O Dr. Agvar de Carvalho, médico e delegado de saúde da área de Caué, na região sul da ilha de São Tomé, afirmou que a formação representará um ponto de viragem no seu trabalho em Caué. "Esta formação fez-nos perceber que muitas das decisões tomadas nem sempre foram as melhores soluções para os nossos problemas. Ajudou-nos a identificar erros e, acima de tudo, a definir passos e metas para lidar com os problemas com que nos deparamos", afirmou.

Esta formação insere-se na coordenação nacional orientada para a melhoria da qualidade dos serviços de saúde e de segurança do doente, promovendo o alinhamento técnico entre os distritos, os departamentos centrais e os parceiros estratégicos. A sua inclusão nos Termos de Referência dos médicos de Coordenação Distritais (delegados) consolida uma abordagem institucional à qualidade, focada na sustentabilidade e na melhoria contínua do desempenho local.