Em Moçambique a OMS apoia na monitoria dos impactos das Mudanças Climáticas na Saúde

Em Moçambique a OMS apoia na monitoria dos impactos das Mudanças Climáticas na Saúde

Nos últimos dois anos, a província de Sofala vem ressentindo com maior intensidade, dos efeitos das mudanças climáticas, especialmente dos ciclones tropicais. Esta situação impõe grandes desafios ao sector da Saúde, não apenas devido a destruição das infra-estruturas de saúde, mas principalmente pela eclosão de doenças sensíveis ao clima, com destaque para doenças diarreicas e malária.

Quando em 2019 o ciclone Idai atingiu Sofala, destruiu parcial ou completamente mais de 50 infra-estruturas de saúde em toda a província. Enquanto o sector da Saúde de uma forma geral se redobrava para responder aos surtos e à crise sanitária provocada pelo ciclone, o Instituto Nacional da Saúde buscava mecanismos que dotassem a instituição de capacidade para entender as dinâmicas de certas doenças, bem como a relação destas com os eventos climáticos extremos. Para o efeito, e graças a uma parceria com a OMS, o INS começou a trabalhar no projecto Fortalecimento da resiliência climática do Sistema Nacional da Saúde, visando entender os problemas de saúde relacionados com as mudanças climáticas, não só na província de Sofala, como em todo o país.

“Quando tivemos o ciclone Idai na província de Sofala, a província não tinha capacidade para analisar ou prever a ocorrência de surtos de doenças sensíveis ao clima, a OMS apresentou uma solução usada ao nível global para desastres naturais, mas precisávamos de algo que se adequasse ao nosso contexto”, explica Falume Chale, Responsável da Repartição de Observação e Inquéritos em Saúde na delegação do INS Sofala, e ponto focal para o projecto de Vigilância de Clima e Saúde.

Para responder a esta necessidade, a OMS iniciou um processo de busca de parcerias e financiamento para a introdução e implementação de uma ferramenta que dotasse a província e o país no seu todo, de capacidade para analisar, explicar e responder às questões de saúde pública associadas ao clima. Foi neste contexto que surgiu o projecto de Fortalecimento da resiliência climática do Sistema Nacional da Saúde, financiado pelo Governo de Flanders, com apoio técnico da OMS.

“No âmbito deste projecto criamos dois postos sentinela, um no Centro de Saúde da Munhava, dentro da cidade da Beira, e outro no Hospital Rural do Buzi, no distrito com mesmo nome. Através dos meios de diagnóstico instalados nestes postos sentinela, já estamos a encontrar alguns resultados positivos para dengue e chickungunya, o que quer dizer que há já algum dado para informar, e quando relacionamos estes dados com o clima, notamos que há uma influência do clima para com estas doenças”, acrescenta Falume.

Por exemplo, os resultados dos últimos 4 anos do posto sentinela do Centro de Saúde da Munhava mostram que houve um aumento de dengue ou chickungunya testados, comparando com o período anterior à passagem do ciclone Idai pela província de Sofala. Graças aos trabalhos de rastreamento neste posto sentinela, todos os casos detectados tiveram o devido acompanhamento e tratamento, numa média de oito casos por semana durante , contribuindo assim para a melhoria da saúde da população afectada pelos eventos climáticos extremos.

Para além destes resultados que podem ser considerados clínicos, Falume explica que o projecto também já permitiu a criação de capacidade ao nível de toda a província, para responder a surtos de doenças sensíveis ao clima. Foram realizados workshops para troca de experiências dos técnicos de quase todas as áreas envolvidas no projecto, com os técnicos do INS ao nível central, tiveram lugar desde o início do projecto, num total de 48 ao nível nacional.

Outro ganho resultante do projecto foi o estabelecimento de parcerias com outras instituições ao nível da província, com destaque para o Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres e o Instituto Nacional de Meteorologia, para além do próprio Governo Provincial, que são actores-chave e primários para a operacionalização não só dos postos sentinela, mas fundamentalmente para a aplicação dos dados gerados nestes postos sentinela para a tomada de decisões.

De modo a garantir maior abrangência e sustentabilidade do projecto, o ponto focal do projecto ao nível da província de Sofala sugere a continuidade do mesmo, focando-se em questões muito concretas e de menor dimensão, mas que irão trazer maior impacto em termos de resultados, e para fornecer informação necessária aos decisores de forma contínua. Destaca a formação dos técnicos das unidades sanitárias e fornecê-los os meios tecnológicos necessários, para que consigam recolher a informação como algumas acções nesse sentido.

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