Guiné-Bissau lança diretrizes para reduzir a mortalidade materna
Bissau - Num passo importante para reduzir a mortalidade materna, a Guiné-Bissau lançou as suas primeiras directrizes nacionais para a saúde materna, centradas na melhoria dos cuidados antes, durante e após o parto.
O Ministério da Saúde, com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de parceiros, liderou o desenvolvimento deste novo quadro nacional para orientar os serviços de saúde materna. O objectivo é reduzir as mortes maternas, estimadas em cerca de 500 por 100 000 nados-vivos. De acordo com as metas de redução da mortalidade materna dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, os países devem procurar reduzir as mortes maternas para menos de 70 por 100 000 nados-vivos.
A Guiné-Bissau não dispunha de protocolos clínicos padronizados para os cuidados maternos. Esta situação dificulta a prestação de serviços consistentes e de alta qualidade e contribui para mortes evitáveis de mães e recém-nascidos.
"Uma das principais lacunas do nosso sistema de saúde tem sido a ausência de normas padronizadas para os cuidados materno-infantis. Cada região, estrutura de Saúde e profissional de saúde tem prestado cuidados à sua maneira", afirma o Dr Elizio Junior Baldé Ferreira, Ginecologista-Obstetra e Director do Serviço de Saúde Sexual e Reprodutiva do Ministério da Saúde Pública (MINSAP), Guiné-Bissau.
"Pela primeira vez, dispomos agora de normas nacionais para os cuidados pré-natais, intraparto e pós-parto que orientarão todos os prestadores de cuidados de maternidade e facilitarão certamente a monitorização da qualidade dos cuidados em todo o território nacional", acrescenta o Dr Baldé.
Na Guiné-Bissau, cerca de 81% das mulheres grávidas frequentam pelo menos quatro consultas de cuidados pré-natais, mas apenas cerca de 50% de todos os partos são assistidos por profissionais de saúde qualificados. O apoio especializado é fundamental para detectar precocemente os riscos, gerir as complicações e garantir um parto seguro. Sem este apoio, problemas comuns como hemorragias intensas, infecções ou uma tensão arterial elevada podem rapidamente tornar-se fatais. No entanto, muitas mulheres ainda enfrentam barreiras no acesso aos cuidados de que necessitam durante a gravidez e o parto.
A OMS recomenda oito consultas pré-natais para proteger melhor a saúde das mães e dos recém-nascidos. O país está a trabalhar para atingir este objectivo e aumentar o número de nascimentos que ocorrem em estruturas de saúde sob cuidados profissionais.
Especialistas em saúde, enfermeiros, agências governamentais e parceiros trabalharam em conjunto para desenvolver e validar as novas directrizes. O documento define os medicamentos essenciais, os procedimentos clínicos e os principais indicadores de serviço para os cuidados maternos. Estabelece ainda as bases para a formação dos profissionais de saúde, o reforço da supervisão e a melhoria da prestação de serviços a nível nacional.
O Ministério da Saúde aprovou a nova abordagem na sequência do lançamento do seu Plano Estratégico Nacional de Saúde 2023–2028. O plano apela igualmente à adopção de mais políticas para expandir e integrar os serviços de saúde reprodutiva, materna, neonatal e da criança e do adolescente em todo o país.
A OMS apoiou o Ministério da Saúde durante todo o processo, fornecendo conhecimentos técnicos para alinhar as directrizes com as melhores práticas mundiais. A Organização coordenou o envolvimento dos parceiros, facilitou a validação e liderou os esforços de sensibilização para promover a apropriação nacional e o impacto a longo prazo.
"A ferramenta de avaliação desenvolvida pela OMS forneceu uma imagem clara da forma como as práticas existentes no terreno se alinham com as recomendações da OMS", disse a Dra Daisy Trovoada, especialista em saúde reprodutiva, materna, neonatal, infantil e adolescente do Escritório Regional da OMS para África. "Ajudou também a identificar acções prioritárias para as directrizes nacionais destinadas a melhorar os cuidados pré-natais, intraparto e pós-natais."
As autoridades sanitárias começaram a utilizar as novas normas nas regiões de Bolama, no sudoeste, de Farim, no centro-norte, e de Gabu, no leste. Nos próximos meses, irão decorrer as formações e supervisões aos profissionais de saúde para melhorar os cuidados de saúde, ajudar mais mulheres a comparecer às oito consultas pré-natais recomendadas e apoiar partos mais seguros nas unidades de saúde.
Este novo quadro está também a ajudar os parceiros a planear melhor e a fornecer o equipamento médico necessário para a prestação de cuidados de qualidade e a apoiar a formação, a supervisão e a melhoria dos serviços de saúde.
"Ao estabelecer normas de saúde claras e reforçar os serviços, a Guiné-Bissau está a trabalhar para reduzir o número de mortes maternas e melhorar a esperança de vida da população", afirma o Dr. Walter Kazadi Mulombo, Representante Interino da OMS na Guiné-Bissau. "Orgulhamo-nos de apoiar o Ministério da Saúde na construção de um sistema de saúde mais forte e mais equitativo para todos."
Estes esforços contribuem directamente para a concretização dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, ao promover a redução da mortalidade materna e neonatal e ao aproximar-nos do acesso universal a cuidados de saúde de qualidade. À medida que a Guiné-Bissau continua a implementar as novas normas, o investimento sustentado, a coordenação e a formação serão essenciais para melhorar os resultados e garantir que mais mulheres e bebés recebam os cuidados de que necessitam - antes, durante e após o parto.