Comunicação que salva vidas: Um apelo à ação em Angola

Comunicação que salva vidas: Um apelo à ação em Angola

Este artigo foi publicado pela primeira vez no Jornal de Angola, cuja versão pode ser encontrada aqui.

Imagine uma Angola onde todos os cidadãos, dos mais novos aos mais idosos, têm acesso a informações claras, fidedignas e úteis sobre como cuidar da sua saúde. Um país onde as comunidades se unem para prevenir doenças, promover hábitos saudáveis e apoiar-se mutuamente nos momentos difíceis. Um país em que a comunicação sobre saúde não é apenas uma resposta a crises, mas uma prática diária que promove o bem-estar de todos. Esta Angola é possível e começa com a forma como comunicamos.

A comunicação para a saúde é muito mais do que uma ferramenta técnica. É uma ponte entre o conhecimento e a acção, entre os sistemas de saúde e as pessoas, entre o medo e a esperança. Durante a pandemia da COVID-19, aprendemos que a informação correcta no momento oportuno pode salvar vidas. No entanto, também vimos que o silêncio, os rumores e a desinformação podem ter consequências graves.

E se cada estação de rádio, cada página do Facebook, cada grupo do WhatsApp e cada conversa entre vizinhos fossem uma oportunidade para partilhar conhecimentos, combater mitos e inspirar mudanças positivas? Hoje, mais do que nunca, a comunicação é essencial para transformar realidades e salvar vidas.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a comunicação na área da saúde seja contínua, baseada em dados concretos, culturalmente sensível e centrada nas pessoas. Países como o Senegal, o Vietname e o Brasil demonstram que as redes colaborativas de comunicadores, que incluem jornalistas, líderes comunitários, influenciadores digitais, terapeutas tradicionais e profissionais de saúde, podem transformar a forma como as populações se relacionam com a saúde pública. Em vez de esperarem por crises, estes países investem numa comunicação preventiva, educativa e participativa.

Em Angola, dispomos de uma base sólida para transformar a comunicação na área da saúde numa prática eficaz e estratégica. Contamos com rádios locais, canais de televisão, jornais, telemóveis, redes sociais, líderes religiosos e comunitários, e jovens criativos com uma forte presença digital. Além disso, o país já tem um historial de campanhas de comunicação para a saúde de sucesso, como as campanhas de vacinação e as respostas coordenadas a emergências sanitárias. O desafio actual consiste em reforçar e institucionalizar a comunicação como uma prática contínua, estruturada e integrada, capaz de apoiar a prevenção de doenças, a promoção de comportamentos saudáveis e a protecção da saúde da população.

A 20 de Agosto, o Ministério da Saúde, com o apoio da OMS, do UNICEF e da União Europeia, dará um passo importante ao reunir profissionais de comunicação social no CEFOJOR para uma acção de formação que visa lançar a Rede de Comunicadores para a Saúde em Angola. Esta rede será um espaço de colaboração e acção conjunta destinado a garantir que a comunicação se torne uma aliada permanente da saúde pública.

No entanto, esta missão não é apenas dos comunicadores. Como podemos contribuir? a) Partilhe informações correctas com a sua família e vizinhos; b) Verifique as fontes antes de reenviar mensagens nas redes sociais; c) Apoie campanhas de saúde na sua comunidade; e d) Use a sua voz, seja como líder, jornalista, influencer, professor ou cidadão, para promover comportamentos saudáveis.

Para que a comunicação na área da saúde seja eficaz, deve estar presente em todos os níveis da sociedade. O Governo pode investir em campanhas sustentadas e na formação contínua de comunicadores institucionais e comunitários. As escolas podem incluir a educação para a saúde nos seus currículos. As famílias e as igrejas podem ser espaços de diálogo e partilha de informação fidedigna.

Em Angola, dispomos de todos os elementos necessários para transformar a comunicação numa verdadeira força de mudança, não como uma acção pontual ou apenas reactiva, mas como uma práctica contínua, estratégica e integrada nos sistemas de saúde. Dispomos de uma diversidade de meios de comunicação, criatividade local, vontade de mudança e parceiros comprometidos. O que precisamos agora é de reforçar o compromisso político e cívico, unir esforços, valorizar a colaboração e acreditar no poder da palavra, da escrita e da imagem como instrumentos para promover a saúde, salvar vidas e fortalecer o bem-estar colectivo.

Junte-se ao movimento que coloca a comunicação ao serviço da saúde e do bem-estar de todos. Porque comunicar é cuidar. E cuidar é transformar. Angola precisa de todos nós. 

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Olívio Gambo

Oficial de Comunicação
Escritório da OMS em Angola
gamboo [at] who.int (gamboo[at]who[dot]int)
T: +244 923 61 48 57