A União Africana e a OMS apelam à implementação rápida de medidas contra a tuberculose infantil

A União Africana e a OMS apelam à implementação rápida de medidas contra a tuberculose infantil

Lomé – A União Africana e a Organização Mundial da Saúde (OMS) apelaram hoje a medidas imediatas e abrangentes para pôr fim ao impacto significativo da tuberculose nas crianças em África. O apelo foi feito em conjunto com a Elizabeth Glaser Pediatric AIDS Foundation (EGPAF) e a Parceria Stop TB à margem da septuagésima segunda sessão do Comité Regional da OMS para a África em Lomé, no Togo.

A Região Africana inclui 17 dos 30 países com o fardo mais elevado de tuberculose a nível mundial, representando cerca de 322 000 crianças e adolescentes jovens (entre os 0 e os 15 anos de idade), ou um terço dos casos de tuberculose em pessoas com menos de 15 anos em todo o mundo. Particularmente preocupante é o facto de dois terços das crianças na Região não serem diagnosticadas com a doença, ou desses casos não serem registados, conduzindo a um risco acrescido de progressão rápida da doença e de mortalidade, sobretudo em crianças mais novas. Entre as crianças com menos de cinco anos, apenas cerca de um terço (32%) é diagnosticado – a percentagem mais baixa a nível mundial.

A baixa percentagem de detecção da tuberculose decorre de desafios na recolha de amostras, assim como na confirmação bacteriológica da doença em crianças que podem apresentar sintomas clínicos não específicos que coincidem com os de outras doenças infantis comuns. Além disso, em geral, as unidades de cuidados de saúde primários ou de serviços de saúde infantil aos quais as crianças e os jovens adolescentes têm acesso muitas vezes possuem uma capacidade limitada para diagnosticar a tuberculose.

Um outro factor que agrava o impacto da tuberculose é a malnutrição. A nível mundial, 19% de todos os casos de tuberculose estão associados à malnutrição.

“A tuberculose infantil, aliada à malnutrição, representa graves ameaças à saúde nos Estados-Membros da União Africana,” afirmou S. Ex.ª Minata Samate Cessouma, Comissária para a Saúde, os Assuntos Humanitários e o Desenvolvimento Social da Comissão da União Africana. “As crianças subnutridas com tuberculose estão vulneráveis ao desenvolvimento de complicações de saúde extensas e graves. Existe uma necessidade urgente de intervenções inovadoras para integrar o diagnóstico da tuberculose nos programas de nutrição, a fim de identificar rapidamente a doença nas crianças.”

“A epidemia de tuberculose entre as crianças em África tem permanecido na obscuridade e até agora tem sido em grande medida ignorada. Esperamos que este apelo galvanize a tomada de acção e garanta que nenhuma criança em África sucumba a uma doença que, em muitas partes do mundo, já passou à história”, afirmou a Dr.ª Matshidiso Moeti, Directora Regional da OMS para a África. “Existe uma necessidade urgente de uma liderança política forte, de responsabilização, de apoio financeiro e de solidariedade mundial para aumentar o acesso a meios de diagnóstico eficazes, a medicamentos, a vacinas e a outros instrumentos para controlar a tuberculose.”

Durante o evento paralelo, Para uma liderança política que ponha fim à tuberculose infantil até 2030, a União Africana, a OMS, a EGPAF e a parceria Stop TB também apelaram a medidas rápidas para acelerar a recuperação do impacto da COVID-19, e exortaram os países a facilitar o alargamento do acesso a meios de diagnóstico, a tratamento e a cuidados adaptados a crianças no âmbito da tuberculose.

“Algures no mundo, uma criança morre de tuberculose a cada dois minutos, apesar de a tuberculose ser uma doença curável e evitável. As crianças com tuberculose quase nunca são transmissoras da doença, e são sempre infectadas por um adulto, por isso o seu sofrimento é uma medida da nossa incapacidade de diagnosticar e tratar a tuberculose em crianças”, afirmou a Dr.ª Lucica Ditiu, Directora Executiva da Parceria Stop TB. “Apelamos a todos os nossos parceiros para que se empenhem, se unam e aprendam com as nossas conquistas e com os nossos erros para garantir que uma doença como a tuberculose, transmitida pelo ar e com centenas de anos, não represente uma ameaça para as gerações vindouras.”

Segundo a Estratégia da OMS para Pôr Fim à Tuberculose, os países deverão procurar reduzir os casos de tuberculose em 80% e reduzir os óbitos em 90% até 2030, por comparação com 2015. A estratégia também estabelece marcos importantes que os países devem atingir até 2020 e 2025 para pôr fim à doença.

O marco de 2020 estabelecia a meta de reduzir os óbitos por tuberculose em 35%, e os casos de tuberculose em 20%. Apenas seis países com um fardo elevado de tuberculose cumpriram o marco de redução de casos de 2020, e apenas seis alcançaram a meta de reduzir os óbitos em 35%.

“Garantir um investimento significativo nas ferramentas e tecnologias necessárias para dar resposta à pandemia de tuberculose assegura que a comunidade mundial da saúde pode salvar as vidas de milhares de pessoas que vivem com a infecção por tuberculose ou que estão em risco de a contrair. No entanto, se não conseguirmos dar prioridade às crianças e aos adolescentes nestes esforços, acabaremos por falhar na realização do nosso objectivo de alcançar um futuro livre de tuberculose", afirmou Chip Lyons, Presidente e Director Executivo da EGPAF.

Os parceiros apelaram aos países africanos para que priorizassem o financiamento destinado à prevenção e ao controlo da tuberculose, e que afectassem recursos financeiros, técnicos e humanos suficientes para acelerar os progressos com vista a pôr fim à doença em crianças e adolescentes. Actualmente, o investimento e o financiamento para controlar a tuberculose em África continuam a ser baixos, o que põe em risco os esforços para cumprir a meta mundial de pôr fim à doença até 2030. A Região Africana requer pelo menos 1,3 mil milhões de dólares americanos para prevenção e tratamento da tuberculose todos os anos, mas os países contribuem com 22% do orçamento necessário, ao passo que o financiamento externo é responsável por 34%. O resto do orçamento continua sem financiamento.

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