África no bom caminho para controlar a pandemia de COVID-19 em 2022

África no bom caminho para controlar a pandemia de COVID-19 em 2022
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África no bom caminho para controlar a pandemia de COVID-19 em 2022

Brazzaville, 10 de Fevereiro de 2022 – Quase dois anos após a África ter identificado o seu primeiro caso de COVID-19 (14 de Fevereiro de 2020), a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que, se a tendência actual persistir, o continente poderá controlar a pandemia em 2022. No entanto, a OMS alertou para a importância de manter a vigilância.

Nos últimos dois anos, o continente testemunhou quatro vagas de COVID-19, cada uma apresentando picos mais elevados ou um número total de novos casos mais elevado do que a anterior. Os surtos foram principalmente causados por novas variantes do vírus SARS-CoV-2, que mostraram ser altamente transmissíveis embora não necessariamente mais letais do que as vagas anteriores. Cada vaga subsequente desencadeou uma resposta mais eficaz do que a anterior, o que permitiu reduzir em 23% em média a duração de cada vaga em relação à anterior. Assim, enquanto a primeira vaga durou cerca de 29 semanas, a quarta vaga terminou em seis semanas, ou seja, num quinto do tempo.

“Ao longo dos últimos dois anos, o continente africano tornou-se mais inteligente, mais rápido e mais eficaz na resposta a cada novo surto de casos de COVID-19,” disse a Dr.ª Matshidiso Moeti, Directora Regional da OMS para a África. “Apesar dos obstáculos, incluindo as enormes desigualdades no acesso à vacinação, conseguimos controlar a tempestade provocada pela COVID-19 com resiliência e determinação, tirando partido da longa história e experiência da África no controlo dos surtos. Mas a luta contra a COVID-19 teve um custo elevado, ceifando a vida de mais de 160 000 pessoas e degradando fortemente a saúde das nossas economias.”

De acordo com o Banco Mundial, estima-se que a pandemia de COVID-19 tenha empurrado até 40 milhões de pessoas para a pobreza extrema no continente, e cada mês que passa sem ser possível levantar as medidas de contenção poderá custar à África 13,8 mil milhões de dólares em produto interno bruto.

“Embora a COVID-19 esteja connosco a longo prazo, há luz ao fundo do túnel. Este ano podemos acabar com as perturbações e o rasto de destruição que o vírus deixou no seu caminho, e recuperar o controlo das nossas vidas”, acrescentou a Dr.ª Moeti. “O controlo desta pandemia deve ser uma prioridade. Percebemos que nenhum país teve a mesma experiência da pandemia que o outro. Isto significa que cada país deve traçar o seu próprio caminho para sair desta emergência.”

Quando a África sofreu a sua primeira vaga, atribuída à propagação do vírus selvagem SARS-CoV-2, a taxa média de letalidade (ou seja, a proporção de pessoas infectadas que morrem de COVID-19) era elevada (2,5%). Esse valor subiu para 2,7% durante a segunda vaga, impulsionada pela variante Beta, antes de recuar para 2,4% durante a terceira vaga movida pela variante Delta. Em contrapartida, a taxa média de letalidade registada durante a quarta vaga é baixa (0,8%). Pela primeira vez, o surto de novos casos originados por uma vaga não levou a um aumento proporcional de internamentos hospitalares e óbitos.

Desde o início da pandemia, a capacidade do continente para gerir casos de COVID-19 tem melhorado gradualmente, graças a uma maior disponibilidade de profissionais de saúde qualificados, de oxigénio e de outros produtos médicos. O número de camas nas unidades de cuidados intensivos aumentou em todo o continente, passando de 8 por 1 milhão de pessoas em 2020 para 20 actualmente. A OMS também ajudou a aumentar o número de fábricas que produzem oxigénio em África de 68 para 115 (um aumento de 60%), fornecendo apoio em termos de reparação, manutenção e aquisição de novas fábricas de produção de oxigénio. Nos locais onde foram instaladas fábricas, o custo do oxigénio diminuiu 40%.

Apesar destas melhorias, a disponibilidade de oxigénio continua a ser motivo de preocupação, e a grande maioria dos doentes que necessitam de oxigénio como parte do seu tratamento clínico não têm acesso ao mesmo.

“À medida que entrarmos nesta nova fase da pandemia de COVID-19, temos de usar as lições aprendidas nos últimos dois anos para reforçar os sistemas de saúde do nosso continente, de modo a estarmos mais bem preparados para lidar com futuras vagas da doença,” acrescentou a Dr.ª Moeti. “Uma vez que as novas variantes alimentaram vagas de novos casos, é fundamental que os países reforcem a sua capacidade de as detectar através de uma melhor sequenciação genómica. Isto também irá garantir que detectamos rapidamente outros vírus mortais.”

A OMS aumentou o número de laboratórios capazes de detectar a COVID-19 de dois para mais de 900 e está a reforçar os esforços de sequenciação genética em África através de várias iniciativas, incluindo a criação do Centro Regional de Excelência para a Vigilância Genómica e Bioinformática na África do Sul, em colaboração com o Instituto Nacional Sul-Africano de Bioinformática (SANBI) na Universidade do Cabo Ocidental. Graças a estes esforços, mais de 7500 amostras são sequenciadas todos os meses na África Austral, em comparação com o ano passado, e verificou-se um aumento de mais de 54% em relação aos dados de sequenciação disponíveis no continente.

A arma mais poderosa contra o surgimento de novas variantes é a vacinação. Até à data, foram recebidas em África cerca de 672 milhões de doses de vacinas contra a COVID-19, das quais 65% foram facilitadas pelo mecanismo COVAX, 29% através de acordos bilaterais e 6% através do fundo da União Africana para a aquisição de vacinas. Em Janeiro de 2022, foram enviadas 96 milhões de doses para a África, o que representa mais do dobro da quantidade recebida pelo continente há seis meses. Desde Janeiro, o mecanismo COVAX apenas envia vacinas aos países que as solicitam, de modo a fornecer-lhes o volume adequado de vacinas na altura certa.

“Embora a África continue atrasada em relação à vacinação, com apenas 11% da população adulta totalmente vacinada, dispomos agora de um abastecimento regular de doses”, acrescentou a Dr.ª Moeti. “Embora a vacinação seja essencial, não devemos esquecer o rastreio e a vigilância. São, como sabem, ferramentas cruciais para que voltemos a ter alguma normalidade nas nossas vidas.”

O rastreio é fundamental para controlar a propagação da COVID-19, e desde o início da pandemia foram realizados 95 milhões de testes em todo o continente. O rastreio melhorou progressivamente, com 21 dos 47 países da Região Africana a cumprirem agora o critério de referência recomendado pela OMS (que consiste em realizar 10 testes por 10 000 pessoas por semana), contra 15 países no ano passado. Uma vez que a transmissão da COVID-19 em África é sobretudo feita por pessoas assintomáticas, é importante aumentar as intervenções de rastreio e as intervenções de resposta de base comunitária. A OMS está a liderar uma iniciativa em 15 países que consiste na realização de testes rápidos de antigénio por unidades de rastreio móveis nas comunidades. Este programa também fornece máscaras, géis desinfectantes e outros produtos de prevenção de infecções.

O uso de testes rápidos de antigénio está a aumentar. Recentemente, o consórcio liderado pela OMS para o diagnóstico da COVID-19 adquiriu pelo menos 50 milhões de testes rápidos para distribuição no continente. Os dados partilhados pelo Zimbabué, um país que tem apresentado relatórios regulares sobre as suas actividades de rastreio, mostraram que os testes rápidos ultrapassaram os testes PCR, registando um aumento de 88% entre Abril e Dezembro de 2021.

Com o objectivo de controlar a pandemia, a OMS está a desenvolver esforços para aumentar o uso das vacinas contra a COVID-19 nos países, o que, esperamos nós, irá limitar o aparecimento de novas variantes. Além disso, a Organização pretende expandir ou manter a rede de laboratórios com capacidades de sequenciação genómica e intensificar o rastreio para facilitar a detecção precoce e a resposta face a um conjunto de casos. A OMS continua, além disso, a apoiar os países para que possam cumprir as medidas sociais e de saúde pública até que a pandemia seja controlada.

Dr.ª Moeti falou hoje durante uma conferência de imprensa virtual. A ela juntou-se o Dr. Sandile Buthelezi, Director-Geral do Departamento Nacional de Saúde da África do Sul; o Dr Albert Tuyishime, Chefe da Prevenção e Controlo de Doenças no Ministério da Saúde/Centro Biomédico do Ruanda; e o Dr Arlindo Nascimento do Rosário, Ministro da Saúde de Cabo Verde.

Do Escritório Regional da OMS para a África também estiveram presentes para responder perguntas o Dr Thierno Balde, Gestor Regional de Incidentes da COVID-19, e a Dra Nicksy Gumede-Moeletsi, Virologista Regional.

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