A celebração da Semana Africana de Vacinação 2024 foi lançada no dia 3 de maio na comunidade da Madalena, no distrito de Mé-zochi.

O evento organizado pela Ministra da Saúde, Ângela COSTA, contou com a presença da Presidente da Câmara Distrital de Mé-zochi, Anahory Dias, da Representante Residente da OMS, Dra. Françoise BIGIRIMANA, de profissionais de saúde, parceiros e a comunidade da Madalena. O evento especial incluiu ainda uma feira de saúde com exposição de materiais de saúde e promoção, serviços de prevenção e cuidados para a comunidade da Madalena que beneficiou gratuitamente de cuidados de saúde primários, consultas externas, serviços de gineco-obstetrícia, serviços de saúde reprodutiva, exames laboratoriais, ecografias e tratamentos.

Este ano o mundo está também a celebrar os 50 anos da criação do Programa Alargado de Imunização (PAI). Em São Tomé e Príncipe, comemora-se o 46º aniversário do Programa Alargado de Vacinação (PAV).

Entre os principais resultados do programa de vacinação, São Tomé e Príncipe eliminou a poliomielite selvagem e controlou os casos de sarampo. De facto, o país registou o seu último caso de poliomielite em 1982 e de sarampo em 1994.

Durante muitos anos, São Tomé e Príncipe tem estado na vanguarda da cobertura vacinal na sub-região da África Central, por exemplo, a cobertura da vacina Pentavalente 3 foi de 94% em comparação com os 74% para a região em 2019 (fonte: Relatório da OMS 2019). 

A representante da OMS, Dra. Françoise BIGIRIMANA, felicitou São Tomé e Príncipe pelo bom desempenho e disse: "Este é o resultado de uma elevada liderança política, do empenho das autoridades, dos parceiros, dos profissionais de saúde, dos pais e dos líderes comunitários"

Durante as próximas três semanas, os agentes comunitários de saúde e os profissionais de saúde estão empenhados em identificar e vacinar as crianças com zero doses ou com vacinação incompleta nos distritos. O foco será nos distritos com menor desempenho em termos de vacinação no país, nomeadamente o distrito de Mé- zochi, Lobata e Água-Grande.

Os distritos com menor desempenho estão a liderar a redução da cobertura vacinal no país. De facto, nos últimos quatro anos, Sâo Tomé e Príncipe assistiu a uma redução da cobertura vacinal de 94% em 2019 para 86% em 2023 para a Pentavalente 3, agravada pela pandemia da COVID durante 2021 e 2022 (fonte: relatório nacional do PAV).

Em relação às crianças totalmente vacinadas, os números também caíram de 70,2% em 2017 para 65,2% em 2023 (fonte: Inquérito Nacional de Cobertura Vacinal - ICV 2023).

São Tomé e Príncipe, Crianças com vacinas completas (%), ICV 2017-2023

Se o país continuar a baixar a cobertura vacinal, existe o risco de surtos, como afirmou o representante da OMS.  A Ministra da Saúde, Ângela Costa, apelou a um maior envolvimento dos profissionais de saúde, pais e parceiros para aumentar a cobertura vacinal.

O evento foi também uma oportunidade para a Ministra da Saúde reconhecer publicamente os esforços dos profissionais com melhor desempenho, incluindo enfermeiros, médicos, motoristas, e Cantagalo como o distrito com melhor desempenho na vacinação.

A Representante da OMS, Dra. Françoise BIGIRIMANA, afirmou durante o seu discurso que a OMS está empenhada em reforçar o apoio técnico através de orientação e capacitação das equipas do Programa Alargado de Imunização e dos distritos para melhorar a cobertura vacinal, a supervisão e a produção de dados de qualidade. O apoio incluirá o desenvolvimento de uma nova estratégia nacional de vacinação "com abordagens inovadoras para atingir as metas regionais e globais alinhadas com os objectivos de vacinação para 2030".

A celebração dos 50 anos do PAI constituiu uma oportunidade para sublinhar que, a nível mundial, durante os últimos 50 anos, a vacinação esteve sempre na vanguarda dos esforços de saúde global, salvando milhões de vidas! Só em África, estima-se que 51,2 milhões de vidas tenham sido salvas através da vacinação. Por cada vida infantil salva durante esse período, a esperança de vida aumentou para 60 anos ou mais, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (fonte: Safeguarding Our Future: Humanly Possible report).

Entre os principais resultados do PAV no mundo contam-se a erradicação da varíola em 1979 e do poliovírus selvagem em 2020. A vacinação também reduziu drasticamente as mortes causadas pela meningite em 39% entre 2000 e 2019 em África. Desde 2017, não foram registados casos de meningite causada pela estirpe do tipo A. Os progressos realizados na eliminação do tétano materno e neonatal na região de África também foram louváveis.

O lançamento de novas vacinas, como a primeira vacina contra a malária, também criou uma nova esperança de que as gerações futuras em África estejam livres da malária. Mais de 30 países da região africana já manifestaram o seu interesse na vacina contra a malária, estando previsto o seu lançamento até ao final de 2024