Mensagem da Dr.ª Matshidiso Moeti, Directora Regional para a África, por ocasião do Dia Mundial de Luta Contra a SIDA 2018

Hoje, a comunidade internacional junta-se para assinalar o 30.º aniversário do Dia Mundial de Luta Contra a SIDA. O tema deste ano é “Conheça o seu estado serológico”. A única forma de determinar o estado serológico de uma pessoa para o VIH é fazendo o teste.

O teste do VIH é essencial para alargar o tratamento e assegurar que todas as pessoas que vivem com o VHI podem levar uma vida saudável e produtiva. É também crucial para assegurar que 90% das pessoas que vivem com o VIH conhecem o seu estado serológico e que 90% das pessoas que estão a fazer tratamento alcançam a supressão da carga viral. O teste do VIH capacita as pessoas a tomarem decisões acerca da prevenção do vírus, mais concretamente, como melhor se protegerem a si mesmas e aos seus entes queridos.

Foram realizados progressos significativos desde 1988 na resposta à SIDA e, hoje em dia, quatro em cinco (20,8 milhões) de pessoas que vivem com o VIH na Região Africana conhecem o seu estado serológico. Além disso, mais de três em cinco (15,3 milhões) de pessoas estão a ter acesso à terapêutica anti-retroviral que salva vidas. Desde 2010, verificou-se uma redução de mais de 30% das mortes relacionadas com a SIDA e as pessoas que vivem com o VIH estão a viver mais tempo e com mais saúde, graças ao acesso sustentável à terapêutica anti-retroviral.

No entanto, estes progressos não são uniformes na nossa Região. Por exemplo, na África Ocidental e Central, apenas uma em duas pessoas (2,9 milhões) conhece o seu estado serológico para o VIH. É por isso que a OMS, os parceiros e os Estados-Membros da sub-região estão a trabalhar em conjunto para acelerar o alargamento dos programas de teste do VIH e conseguir chegar às pessoas que vivem com a doença e que não conhecem o seu estado serológico, garantindo que estes programas estão articulados com serviços de prevenção e de qualidade.

Muitas pessoas, como os jovens e os homens adultos, estão a ser deixados para trás, e outros ainda há que apenas fazem o teste depois de ficarem doentes. O estigma e a discriminação continuam a dissuadir muitas pessoas de fazer o teste do VIH. O acesso ao teste confidencial do VIH continua a ser um motivo de preocupação. Muitos dos que estão a ser deixados para trás são aqueles mais afectados pelo VIH, incluindo os toxicodependentes, os profissionais do sexo, os homossexuais e os presidiários.

Como parte da nova estratégia quinquenal da OMS, estamos a trabalhar com os Estados-Membros da Região Africana para reforçar os seus sistemas de saúde e ajudá-los a avançar no sentido da cobertura universal de saúde, para que todas as pessoas tenham acesso aos serviços de que precisam sem que para isso tenham de passar por dificuldades financeiras. A cobertura universal de saúde proporciona uma oportunidade para alargar os testes, a prevenção e o tratamento do VIH e integrar estas vertentes noutros programas e serviços, nomeadamente os da tuberculose e de saúde sexual e reprodutiva.

Lanço um apelo aos países para fazerem uso das novas estratégias de teste do VIH e optarem por uma combinação de modelos de prestação de serviços destinada a alcançar o acesso universal e equitativo aos serviços de teste e aconselhamento para o VIH. É preciso alargarmos as nossas opções e inovações de base comunitária para irmos além das unidades de saúde. Temos também que estabelecer ligações robustas para garantir a disponibilidade dos serviços de prevenção, cuidados e tratamento do VIH no seguimento do teste. Para tudo isto é preciso haver vontade política; é preciso investimento dos governos e do sector privado e, acima de tudo, é preciso que as comunidades promovam a procura pelos serviços de teste do VIH.