O Longo Caminho Para a Recuperação: Lembra-se a Vítima de Acidente Rodoviário

O Longo Caminho Para a Recuperação: Lembra-se a Vítima de Acidente Rodoviário
@WHO/Mozambique/2021
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O Longo Caminho Para a Recuperação: Lembra-se a Vítima de Acidente Rodoviário

"Sinto-me tão bem agora que se tivesse uma bola ao meu lado seria o primeiro a marcar o golo", diz o Eduardo Cuambe, vítima de acidente de viação, lembrando-se do dia em que os seus membros se partiram numa colisão de trânsito e da viagem para a recuperação.

"Esse dia, em Março de 2018, começou com a minha habitual caminhada matinal de cerca de duas horas. Estas caminhadas dão-me energia e prazer. À tarde, dirigi – me para uma escola comunitária em Bobole, cerca de 30 km a norte da cidade de Maputo, para trabalhar com os estagiários da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), onde sou docente.

A caminho de casa, vi um carro à frente do meu, de repente, a vir na minha direcção fora de controlo antes de se chocar com a minha viatura. Era impossível evitar a colisão frontal - o outro veículo circulava à alta velocidade. No local do acidente, era evidente que o condutor estava embriagado.

Os transeuntes puseram-me rapidamente numa carrinha e levaram-me para o Hospital Distrital de Marracuene. Tive múltiplas fracturas tanto nos braços como nas pernas, e a equipa do hospital de lá deram-me os primeiros socorros. Depois em menos de 15 minutos fui transferido para o Hospital Central de Maputo. Dada a gravidade dos meus ferimentos, o pessoal auxiliar veio a correr com uma maca e levou-me para a sala de cuidados intensivos. Imobilizaram as fracturas com talas nos meus braços e pernas até eu estar estabilizado. Na manhã seguinte, puseram um molde de gesso nos meus braços e na perna esquerda. Esperei uma semana neste molde antes de ser operado à minha perna, para estabilizar o fémur.

O cirurgião colocou uma tala - placa - na minha perna. Deitei-me na cama com essa tala durante cerca de duas semanas. Na terceira semana, a tala foi removida. Nessa altura, pude iniciar sessões de fisioterapia. Foi difícil porque ainda não conseguia mexer-me, e nem sequer conseguia mover a minha perna do joelho para baixo. As sessões de fisioterapia foram, no entanto, muito importantes. Havia 60 dias de fisioterapia sem interrupção, incluindo sábados e domingos. Após 30 dias já estava a dar os meus primeiros passos como apoio de duas muletas, e 60 dias depois pude andar sem a ajuda de muletas. O fisioterapeuta disse que o que me restava alcançar era totalmente a mim e que eu devia continuar com os exercícios. Seis meses mais tarde, senti-me curado. Podia andar de um lado para o outro, e podia conduzir. Retomei gradualmente as minhas actividades de ensino. Hoje, sinto-me completamente curado. Vou todos os dias para as minhas caminhadas matinais". 

Durante o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Trânsito de 2021 – que se celebra no 3º Domingo do mês de Novembro - a Organização Mundial de Saúde (OMS) juntou-se à Dra. Otilia Neves, Directora dos Serviços de Emergência Médica de Moçambique (SEMMO) no Ministério da Saúde, para reconhecer o empenho dos socorristas de emergência em ajudar pessoas como Eduardo Cuambe a regressarem às suas rotinas diárias.  

"Queremos que a pessoa ferida recupere e regresse à sociedade da mesma forma que antes de ter tido um acidente", diz a Dra. Otilia Neves. Ela diz que as últimas estimativas do governo (2014) indicam que 25% das admissões hospitalares em Moçambique são devidas aos acidentes de viação. "Sabemos de um estudo realizado em 2015 que 40% do produto interno bruto do sector da saúde é gasto em doentes vítimas de acidentes rodoviários", refere também.

“Os acidentes de trânsito contribuem para a sobrecarga de casos para os profissionais de saúde nas unidades de saúde, bem como para outro pessoal médico que deve desviar-se das suas exigências rotineiras para atender a estes pacientes”, acrescenta a Dra. Neves. Para ajudar a gerir melhor o peso de casos, o Ministério da Saúde de Moçambique iniciou uma formação sobre especialização em traumas e criou serviços de emergência médica que respondem às vítimas no local dos acidentes. A OMS tem trabalhado com o Ministério para reforçar a capacidade do sistema de saúde na resposta pós-acidente.

Tal resposta pode também fazer a diferença para as vítimas de acidentes. "A forma como a pessoa ferida chega à unidade sanitária é determinada pela forma como é transportada e triada nos primeiros minutos após o acidente", explica a Dr. Neves.

O Ministério da Saúde criou equipas dos Serviços de Emergência em 2015 e iniciou a especialização médica em medicina de emergência, com especialização em cirurgia de trauma. "Já treinámos os primeiros cinco médicos desta área", diz a Dr. Neves.

A OMS trabalhou com o Governo de Moçambique na elaboração de uma Política Nacional de Segurança Rodoviária e da sua estratégia de implementação, bem como dos instrumentos legais que regulam o tráfego rodoviário. Em colaboração com o Ministério da Educação de Moçambique e outros parceiros, a OMS ajudou a elaborar orientações de formação sobre segurança rodoviária nas escolas e a sua implementação.

E trabalhando com parceiros da sociedade civil, especialmente a Associação Moçambicana de Vítimas de Segurança Rodoviária (AMVIRO), a OMS contribuiu com orientações sobre advocacia e sensibilização para um comportamento saudável nas estradas e reforço do sistema de informação para gerar provas e estatísticas sobre acidentes rodoviários.

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MOREIRA Maria Da Gloria

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