Profissionais de saúde afetados pelo ciclone ANA continuam na linha de frente, salvando vidas.

Dr. Crescencio da OMS e Sra Riva Mendonca na parte do Centro de Saúde    de  Topuito destruido pelo ciclone ANA na Provincia de Nampula
@WHO/Mozambique/2022
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Profissionais de saúde afetados pelo ciclone ANA continuam na linha de frente, salvando vidas.

A tempestade tropical nomeada ANA, entrou em Moçambique no dia 24 de Janeiro de 2022, com ventos entre 100 a 130 quilómetros por hora e precipitação acima de 100 milímetros me 24 horas. Entrando no território Nacional por Angoche, a mesma veio a afectar as províncias de Nampula, Zambézia, Tete, Niassa, Sofala e Manica, conforme previsto pelo Instituto Nacional de Metrologia, através da sua Direção de Analise e Previsão de Tempo três dias antes.

Logo após a devastação causada pelo ciclone ANA que afectou um número significativo da população das cinco províncias, 141,483 pessoas segundo os últimos dados do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres, (INGD). A mesma instituição, têm sido responsável por coordenar várias avaliações com a ajuda de parceiros de cooperação tais como a OMS no sentido de fazer um primeiro levantamento de danos humanos e matérias nas zonas afectadas.

Uma dessas avaliações decorreu, no dia 28 de Janerio de 2022 na terceira província mais afectada pelo desastre natural, Nampula. As avaliações feitas até agora mostram que a província mais populosa do país, sofreu danos significativos, após a passagem desta tempestade, que destruiu, de forma total e parcial, coberturas de casas, escolas, igrejas, mesquitas, mercados, e edifícios estatais. Para além, de provocar inundações de inúmeros hectares de terras cultivadas, destruição de embarcações de pesca, quedas de arvores e de postes de energia eléctrica deixando algumas estradas de acesso intransitáveis. Este último facto criou, em alguns postos administrativos, dificuldades de abastecimento de produtos comerciáveis, originando, deste modo, especulação de preços de alguns produtos de primeira necessidade.

A destruição em alguns distritos da província é visível e abrangeu todos os sectores, tal como o sector da saúde. No distrito de Mogovolas, várias famílias deslocadas, 72 horas após a ocorrência receberam assistência por parte da INGD e parceiros, e foram acolhidas generosamente pelos seus familiares, não havendo assim a necessidade de se criar um centro de acomodação. 

Já no distrito de Moma o Hospital Rural foi parcialmente destruído, onde parte da cobertura do deposito de medicamentos, de material médico cirúrgico e material do Programa Alargado de Vacinação (PAV) foi destruído. No mesmo distrito houve a destruição parcial do único centro de saúde da localidade de Topuito, afectando de maneira significativa a prestação de cuidados básicos de saúde as populações afectadas. Sem energia eléctrica nem água e com a maior parte do tecto da infraestrutura completamente destruído o único centro de saúde da zona, não têm as condições para prestar serviços ligados a imunização (PAV) e Serviços Amigos dos Adolescentes e Jovens (SAAJ). Não obstante, profissionais de saúde também afectados pelo desastre continuam a prestar cuidados, com muita dificuldade. Trabalhado sem descanso em serviços ligados a saúde materna infantil; fazendo partos numa maternidade com parte do tecto destruída, consultas pré-natal, consultas pós-parto pequenas cirurgias, tratamento de doenças cronicas e triagem de adultos e crianças.

Este é o caso da Sra. Riva Mendonça, Técnica de Medicina Geral a quatro anos no centro de saúde de Topuito que apesar de ter ficado desalojada por causa do ciclone continua a trabalhar no centro sem descanso. “Neste momento estou a morar de favor na casa de uma colega que trabalha comigo aqui no centro de saúde, porque o tecto minha casa desabou no dia que passou o ciclone. Depois de susto mandei os meus filhos menores para casa da minha irmã em Moma. Agora não sei quando é que vou poder reparar o telhado da minha casa e mandar buscar as minhas crianças” Diz Sra. Riva quanto atende uma mãe no centro de saúde.

A profissional empenhada explica com mais detalhes, em que condições atende os pacientes neste momento. “Agora estamos a atender os pacientes no edifício do laboratório que estava em construção. Estamos a improvisar neste espaço que não têm portas. Aqui fazemos consultas de pediatria e triagem de adultos. No fim do dia temos que levar todo o material de trabalho para casa, porque aqui não podemos deixar nada.  Neste momento não estamos a vacinar as pessoas contra COVID-19 porque não temos meios de conservar as vacinas sem energia eléctrica. Por outro lado, estamos a verificar um aumento no número de pacientes com Malaria, tanto nos adultos como nas crianças”.

Sra. Riva acrescenta, apesar de fazer parte das pessoas sinistradas, não pode abandonar o seu posto de serviço, porque as populações afectadas precisam dos cuidados de saúde “A população precisa de nós, por isso não posso abandonar-lhes”

Felizmente, na localidade de Topuito, depois de ter passado o ciclone não se registou, nenhum óbito, mas houve oito feridos, um deles grave com um corte na cabeça causado por uma chapa de cinco.

Apesar de que Instituto Nacional de Metrologia prevê a possibilidade de o país ser atingido por mais ciclones nos próximos meses, a comunidade humanitária, instituições governamentais e profissionais destacadas como a Sra. Riva Mendonça, trabalham sem descanso para salvar vidas e aliviar o sofrimento das populações mais vulneráveis.

Centro de Saúde  de  Topuito destruido pelo ciclone ANA na Provincia de Nampula
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Dr. Crescencio da OMS participa na avaliação de necessidades com parceiros na localidade de Topuito
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Dr. Crescencio da OMS e Sra Riva Mendonca na parte do Centro de Saúde    de  Topuito destruido pelo ciclone ANA na Provincia de Nampula
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